Esta crítica não contém spoilers significativos da trama.
Desalma, a série de horror folclórico original Globoplay, estreou sua segunda temporada mais sombria e brutal em 28 de abril de 2022, prometendo trazer respostas a diversos questionamentos do final da primeira temporada e muito, mas muito mais horror. O que é Desalma, se não uma troca de almas?
A diferença de 2 anos entre a produção das duas temporadas deixa bem clara a evolução da produção, com um roteiro muito melhor escrito e melhor dirigido também. Agora, Desalma deixou para trás o ar novelesco (que eu citei na minha crítica da primeira temporada) e tomou de vez seu lugar no meio de grandes produções de horror, como a série Salem (2014-2017). A melhora na direção do João Paulo Jabur e do Pablo Müller deram o tom sombrio que a série precisava.
Nessa temporada, temos mais uma linha do tempo, além de 1988 (na época da morte da Halyna, interpretada pela Anna Melo) e 2018 (tempo presente da série, que agora é 2019). Agora, a terceira linha do tempo é em 1995, ano em que o Aleksey Skavronski (Nicolas Vargas) é solto após cumprir sua pena pelo assassinato da Halyna e um homem que pode ser a grande encarnação do mal chega à Brígida.
Fábio Assunção como Traian Troader.
Este homem é Traian Troader, interpretado pelo maravilhoso Fábio Assunção. Esse personagem é baseado na mitologia do Vârcolac, um híbrido de vampiro e lobisomem de origem romena, de acordo com criadora da série, Ana Paula Maia. Ele traz muitos questionamentos para essa temporada, principalmente sobre o porquê dele ter vindo para Brígida e o que ele quer com a Haia (Cássia Kiss).
Mais sombria e se levando muito mais a sério, o emaranhado de ligações entre os personagens nas linhas do tempo aqui é ainda maior, mas nunca ficando confuso. É incrível como o roteiro da Ana Paula Maia faz as coisas se encaixarem sem que fique muito maçante ou que você precise de um cursinho e assistir 50 mil análises para entender como foi com Dark (2017-2020).
Nessa temporada temos também um aprofundamento no coven das bruxas de Brígida, contando a história do que aconteceu com elas e como apenas a Haia ficou em Brígida. Somos apresentados à Mykhaila Lachovicz (Malu Galli), mãe de Pavlo e irmã de Haia, que tem uma ligação com os Skavronski. Halyna retorna no corpo de Melissa (Camila Botelho) e temos também a Irmã Annika/Elena Kohut (Sabrina Greve), que esconde um grande segredo capaz de abalar as estruturas de toda a base religiosa da cidade.
Melissa (Camila Botelho), Haia (Cássia Kiss) e Halyna (Anna Melo).
Todo o elenco adulto é extremamente competente, como na temporada anterior. Destaco aqui, além da deusa Cássia Kiss, a adição do André Frateschi como um Aleksey Skavronski traumatizado por ter sido sequestrado e mantido em cativeiro por quase 25 anos. Ele faz um trabalho magnífico e ver ele falando sobre como foi ficar todo esse tempo em cativeiro é de partir o coração. Apesar do elenco adolescente pouco aparecer nessa temporada porque o foco dessa vez eram realmente as bruxas e seus rituais. Essa falta do elenco adolescente não faz muita diferença, já que as vezes que eles aparecem é justamente para fazer o que adolescente faz: besteira.
Mas nem todo o elenco jovem é ruim e aqui quero destacar, mais uma vez, o ator mirim João Pedro Azevedo, que dá vida ao filho de Ignes (Claudia Abreu), Anatoli Skavronski Burko. Como na temporada passada, aqui ele novamente protagoniza das cenas mais tensas. É incrível a sua maturidade de interpretação para momentos como quando ele está possuído pelo Roman Skavronski, que assumiu definitivamente o manto de grande vilão da série.
Todos os plots e revelações nessa temporada são essenciais e fazem total sentido, dando à essa temporada um aproveitamento de 100%, na minha humilde opinião. Claro que esse aproveitamento só será válido caso haja uma terceira temporada, devido aos questionamentos que o final nos trouxe.
Desalma está disponível no catálogo do Globoplay e ainda não foi renovada para a sua terceira temporada.
NOTA: 4,8/5
Autor do Post:
Jéssica Rodrigues
administrator
Tropical darkzera, fã de filmes de horror, gateira, engenheira florestal, doutora em Crepúsculo e especialista em Cassandra Clare. Viajei por Idris, Forks, conheci Craigh na Dun e me diverti muito no Solstício de Inverno na Corte Noturna e no Festival de Verão Midsommar.