CRÍTICA | “Vinte e cinco, Vinte e Um” traz o frescor das memórias de uma juventude esperançosa

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A tvN conseguiu manter o padrão de criar k-dramas impactantes, com histórias impressionantes o suficiente para unir a dramaland em um debate semanal ao lançar  “Vinte e cinco, Vinte e Um” (Twenty-Five Twenty-One). Com um enredo nostálgico, bem coming of age, cheio de esperanças e alternando entre presente e passado, o drama foi uma das grandes apostas do primeiro semestre desse ano… pena que todo potencial foi jogado no lixo com uma conclusão desleixada.

“Vinte e cinco, Vinte e Um” conta a história de Na Hee-Do (Kim Tae-Ri) e Baek Yi-Jin (Nam Joo-Hyuk), acompanhando os altos e baixos de sua vida durante o final dos anos 90 e começo dos anos 2000. Enquanto Na Hee-do é uma esgrimista em ascensão, Baek Yi-Jin é um ex-rico que tenta se encontrar após um golpe da vida, tendo que lidar com uma vida sem privilégios e muitos perrengues.

A trama do k-drama seduz o espectador logo no primeiro episódio, alternando entre anos 90 e 2021, a história é contada através da perspectiva da filha de Na Hee-Do, que está lendo os diários de sua mãe quando era adolescente. Logo, a história acaba virando um quebra cabeça, com migalhas do futuro é inevitável criar teorias e tentar adivinhar o que acontece com os protagonistas, caçar algumas pistas e descobrir logo nos dois primeiros episódios que eles não ficam juntos no final.

Uma coisa que ficou bem clara pra mim, como espectadora, foi que a história desde do início não omitiu o fato de que Na Hee-Do e Baek Yi-Jin não teriam um final feliz (até porque a filha dela lê sobre o cara e não reconhece o nome dele, então é lógico que ele não é o pai dela!). Isso me fez questionar os fãs da história que ficaram surpresos no episódio 14 ao descobrir que ela estava casada com outro, quando a trama sempre deixou bem claro isso em suas entrelinhas.

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O grande defeito não foi o casal de protagonistas não terem terminados juntos, o grande defeito de “Vinte e cinco, Vinte e Um” foi ignorar a existência da vida adulta dos seus protagonistas quando seu grande pilar inicial foi o flerte do questionamento “o que será que aconteceu com eles?“. A sensação que se instaura é que o roteirista tinha muita história para contar em pouco tempo, abusou de flashbacks excessivos para manter a trama taxada como “isso é apenas sobre as memórias de sua adolescência” quando poderia desenvolver um arco de 2021 com os protagonistas se reencontrando, nem que seja como amigos. Principalmente pelo fato de que Na Hee-Do ter se tornado uma mulher infeliz em seu matrimônio e se encontrou extremamente mexida ao ler as palavras de seu amado em seu diário perdido. Então me pergunto, por que construir pequenas ferramentas que dão ensejo a uma possível história de amor/amizade madura se irão simplesmente ignorar?

Causa uma revolta sem igual um final tão desleixado como esse porque todo desenvolvimento, tanto individual como em casal, foi realizado de forma exímia. É evidente o crescimento e amadurecimento de Na Hee-Do e Baek Yi-Jin, não digo apenas amorosamente, mas até mesmo em suas carreiras e suas visões do mundo. Os personagens que conhecemos em 1998 não são os mesmos de 2001, por exemplo. E fazer isso de uma forma gradual, sensível e condizente com a trama foi um trabalho belíssimo. Todavia, do que adianta se ao fim a trama irá contradizer com tudo que foi proposto e irá trazer um final amargo e sem propósito?

 

Gosto de pensar que Na Hee-Do e Baek Yi-Jin fazem parte do roll de casais que são perfeitos um para o outro, mas se encontram no momento errado. Pessoas certas na hora errada. Ainda que os dois tenham sido muito importantes um para o outro no crescimento individual de cada um, isso foi graças a amizade deles. O romance precisaria de mais uns anos para dar certo. Talvez em 2010, ou em 2021.

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Kim Tae-Ri brilha ao dar a vida a uma personagem tão inspiradora como Na Hee-Do, mostra ser uma atriz de várias facetas quando analisamos seus trabalhos anteriores que não se assemelham tanto como esse em questão. Cheia de carisma, com uma facilidade gigantesca em criar empatia e ligação com o público. No entanto, Nam Joo-Hyuk prova o contrário.

Não digo que Joo-Hyuk foi um ator falho em entregar seu trabalho neste k-drama, ele consegue cativar a audiência e arrancar alguns suspiros, porém, ele deixa claro em “Vinte e cinco, Vinte e Um” que está preso em um determinado tipo de personagem. Não mostra mais versatilidade e se prende em um estereótipo de bom moço que já já estaremos cansadas de assistir.

Deixando um pouco de lado o casal principal e áurea romântica do drama, “Vinte e cinco, Vinte e Um” é um álbum de lembranças muito tocante. Ele consegue ser algo que Record of Youth tentou mas falhou em sua execução. Consegue trilhar em uma narrativa de descobrimento, amadurecimento e transição de adolescência para adulto, uma história capaz de emocionar e inspirar.

Na Hee-Do é uma jovem inspiradora, sua força de vontade nunca foi limitada pela solidão e dor que carregava desde muito jovem. Ao lado dela, a protagonista é cercada por um grupo de amigos que constroem uma dinâmica muito gostosa de assistir. Pelo menos, quase todos.  Seung-Wan (Lee Joo-Myung) e Ji-Woong (Choi Hyun-Wook) compõem uma amizade tocante, protagonizam momentos leves e dramáticos condizentes com todo enredo até o momento.

Já Ko Yu-Rim (Bona) passa por uma transição abrupta de antagonista para amiga da protagonista. Se com o desenvolvimento dos protagonistas o k-drama foi sutil e gradativo, com o desenvolvimento de Yu-Rim a trama foi forçada. Como um remédio grande demais para ser engolido, seu desenvolvimento foi difícil e incômodo de ser assistido. Nada convincente, porém ao fim nos ganha pelo cansaço e nos faz aceitar a sua existência dentro do grupo de amigos.

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“Vinte e cinco, Vinte e Um” tem 14 belíssimos episódios, construídos em uma base sólida composta por amizade, sonhos, esperança e a força de vontade de achar seu lugar ao mundo. Infelizmente, desliza nos dois últimos episódios, perdendo a mão em um roteiro bobo e falho, cheio de pontas soltas, finalizando com um gosto amargo de um final que não precisava necessariamente de um casal feliz, mas que ao menos devia fornecer uma conclusão respeitosa e condizente com tudo que foi proposto ao longo da trama; sem migalhas de fanservice como em cenas no túnel sem finalidade, flashbacks desnecessários e um prólogo sem propósito algum.

O k-drama está disponível na Netflix.

Nota: 3,2/5

o que me deixa triste é que esse k-drama tinha todo potencial do mundo para ser 5/5 mas…

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Autor do Post:

Ludmilla Maia

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26 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.

Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.

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