CRÍTICA | “Nossos Sonhos de Marte” e o pintar de parede dos clichês adolescentes

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A gente sabe que as comédias românticas que envolvem adolescentes, muitas vezes são bem parecidas umas com as outras, o que gera aquele sentimento de previsibilidade. Mas ainda que não seja um demérito do filme, tendo em vista que o gênero em si anda meio saturado, é papel do cineasta entregar algo de valor que faça sentido dentro daquele universo. Porém, Christopher Winterbauer mais parece pintar as paredes de um clichê adolescente em Nossos Sonhos de Marte, trazendo um pano de fundo diferente para a mesma história de sempre.

Em uma mistura de comédia romântica com ficção científica, o filme se passa em um futuro em que Marte foi colonizado com o melhor que a humanidade tem a oferecer. Sophie (Lana Condor), é uma jovem que está em um relacionamento à distância há anos, desde que o namorado conseguiu o emprego dos sonhos em Marte e planeja visita-lo. Ela então conhece Walt (Cole Sprouse), um barista que também quer deixar o planeta, e que é obcecado em conseguir uma vaga para trabalhar em Marte, ainda mais depois de se apaixonar por uma garota que partiu para tal destino.

Desde os primeiros momentos entendemos a dinâmica que vai se seguir, ambos jovens que não se dão bem, mas que possuem mais semelhanças do que possam imaginar. A interação entre Sophie e Walt é a mais genérica possível, se conhecendo numa festa no qual ele entra sem querer no quarto dela, e reencontrando no bar em que ele trabalha. O clássico “charme” de não se aturar e então criar conexão é algo já bem batido, e que nessa história não favorece o filme, uma vez que sem esse artifício a trama inicial nem existiria.

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Tudo parece muito propositalmente arquitetado, não sobrando espaço para uma interação crível entre os dois protagonistas. O disfarce de se passar pelo namorado de Sophie, para que não descubram que ele entrou ilegalmente na nave, é uma das facilidades que o roteiro resolve assumir, envolvendo muita suspensão de descrença do espectador, assim como as complicações que vem com o decorrer disso. Sem falar no óbvio clichê que inclusive já está no repertório cinematográfico de Lana Condor (“Para Todos os Garotos“). Como cereja do bolo, o romance entre Walt e Sophie não passa uma química invejável, o que torna complicado torcer para o casal.

No entanto, o longa encontra seu ponto forte na comédia, e as referências a outros filmes são uma das melhores coisas, como o gato Ripley que entra sem querer na nave e é considerado como um passageiro clandestino, claramente fazendo alusão ao ótimo longa de 1979, “Alien – O 8.º Passageiro“. Porém, com isso fica perceptível como “Nossos Sonhos de Marte” fica a mercê destes mecanismos para dar vida a sua história.

O abuso das cores laranja e azul que acompanham todo o filme também criam uma impressão de artificialidade que mais destoa do que nos aproxima da história. É como se não sobrasse muitos elementos de identificação para se importar. Ainda mais pela óbvia correlação com azul do espaço e laranja de Marte, outro elemento que parece fruto de uma decisão apressada para a construção do longa.

No final, “Nossos Sonhos de Marte” pretende “testar” os personagens com acontecimentos que já sabemos como provavelmente irão terminar. Ainda que trazendo uma revelação nova aqui e ali, é um pouco tarde para se importar com tantas coisas genéricas, e como resultado aparenta uma decisão apressada e mal trabalhada de uma história que até poderia ser interessante, se fosse melhor executada.

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Nota: 2,5 / 5

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Autor do Post:

Bruna Berlitz

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Crítica de cinema e graduada em Produção Multimídia. Experiência na área do audiovisual, com ênfase em filmagens e edição de vídeos. Essencialmente da casa Lufa-Lufa, apaixonada por gatos e admiradora das obras de Jane Austen.

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