CRÍTICA | “Ala Kachuu – Take and Run” um curta necessário e potente

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O curta suíço que concorre ao Oscar na categoria de Melhor Curta-Metragem em Live Action nesse ano, expõe a prática de “sequestro de noivas” (uma forma de casamento forçado), da qual muitas jovens são privadas de buscar a vida que desejam para servir aos maridos em casamentos contra suas vontades, ainda muito comum no Quirguistão. O potente trabalho de direção de Maria Brendle em “Ala Kachuu – Take and Run” nos mostra como a situação é angustiante, ainda que em um trabalho de ficção. Como a forma que se comunica o peso de uma vida de tristezas com uma relação com as pedras, ou o sacrifício de um animal enviado como presente que logo se relaciona com a “entrega” da jovem pela própria família da noiva.

De início, somos apresentados a Sezim e sua família tradicionalista, e então sua fuga para a cidade, e logo compreendemos os desejos da garota que busca estudar, aprender a dirigir, e ter sua liberdade. É frustrante e efetivo acompanhar como depois ela tem de fugir mais e mais vezes para escapar não só de sua família que não a apoia, mas das garras de uma tradição. Mostrando como a questão é ainda mais forte, por ser ameaçada de estigmatização e exclusão social caso se oponha ao casamento. O dilema que se cria nesse embate de costumes que sufocam as jovens, e que desestrutura suas famílias, é sentido muito fortemente nas cenas e no ambiente que a diretora constrói.

Com um céu azulado e limpo, e vastas ruas vazias cercadas por montanhas, o contraste de um local que aprisiona quando deveria simbolizar uma liberdade é muito bem trabalhado. É como se a protagonista estivesse perto de ser livre mas ao tempo tão longe. Como sua espera pelo resultado de uma prova para poder estudar, que pode determinar o rumo de uma vida de satisfações, que é impedida pela prática de sequestro para um casamento forçado.

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E enquanto escancara essa realidade triste, o tom da narrativa de “Ala Kachuu – Take and Run” é muito promissor ao levantar a questão de luta e resiliência. Um trabalho incrível e necessário por expor práticas e costumes patriarcais que corrompem vidas para servidão, mas que trata com sinceridade e com um olhar afetuoso para as mulheres que desejam para si uma vida melhor.

Nota: 4/5

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Autor do Post:

Bruna Berlitz

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Crítica de cinema e graduada em Produção Multimídia. Experiência na área do audiovisual, com ênfase em filmagens e edição de vídeos. Essencialmente da casa Lufa-Lufa, apaixonada por gatos e admiradora das obras de Jane Austen.

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