A Filha Perdida (The Lost Daughter, 2021) é um filme estadunidense dirigido e roteirizado por Maggie Gyllenhaal em sua estreia na direção. O enredo do drama é baseado no livro homônimo da escritora Elena Ferrante e estreou na Netflix em 2021. O filmes está indicado ao Oscar em 3 categorias.
No elenco, temos grandes estrelas como Olivia Colman e Jessie Buckley, ambas interpretando a protagonista da história, a Leda, em dois momentos diferentes da sua vida e ambas foram indicadas ao Oscar 2022 por suas atuações, a Olivia como Melhor Atriz e Jessie como Melhor Atriz Coadjuvante. Além das duas, também temos a Dakota Johnson que chega até a ficar irreconhecível interpretando a Nina, para quem lembra dela como a ingênua Anastasia de 50 Tons de Cinza.
O filme conta a história de Leda (Jessie Buckley/Olivia Colman), uma mulher de 49 anos, professora universitária, que está de férias na Grécia sozinha. Durante seus dias nesse lugar paradisíaco na praia, ela conhece uma jovem mãe com sua filha pequena e uma enorme família barulhenta que a fazem se lembrar de quando era mais jovem e suas filhas eram crianças pequenas. Ela lembra das situações que passou, das coisas que fez, certas e erradas, e da solidão.
Sim, é um filme sobre a solidão. Leda não estava sozinha, as filhas têm um pai e ele estava lá. Mas o trabalho era todo e somente dela. Em um certo momento de flashback, Leda e a família estão de férias em um chalé no interior e um casal de trilheiros aparece e o marido de Leda os convida a entrar. Durante a conversa, o homem diz ter filhos pequenos e que os deixou com a mãe, pois só se vive uma vez. É tranquilo um pai deixar seus filhos para trás para seguir seus sonhos, mas se uma mãe faz algo como optar por sua carreira, por exemplo, automaticamente ela é uma péssima mãe.
Mesmo casada, Leda se viu abandonando sua carreira para cuidar das filhas, enquanto o pai das meninas tocou sua carreira, como fazem todos os pais. Leda teve que dar conta da árdua tarefa que é criar um ser humano e ela tinha dois. Ela estava sozinha e estava cansada o tempo todo. Mães não são super humanos, apesar da sociedade esperar que elas sejam e darem pouco ou nenhum apoio de qualquer tipo, só opiniões não solicitadas.
Nina (Dakota Johnson) e Leda (Olivia Colman). Foto Reprodução:Netflix, 2021.
Todos os gatilhos desencadeados pela Nina com a sua filha Elena fazem com que a Leda se enxergue na Nina e até tenta ajudá-la dando conselhos sobre maternidade real, o que funcionou e o que não funcionou, até uma experiência que ela teve quando suas filhas eram pequenas.
Duro, direto do seu jeitinho, aqui se caminha sempre na direção contrária do que se espera de como é a experiência de ser mãe. A Filha Perdida dá a todo momento tapas na cara de quem acredita que a maternidade é só a parte fofinha e bonitinha, mas essa fase só dura um ano. Criar um ser humano, educar, manter, dura muito mais tempo, até uma vida inteira, se você ainda se espelha nos seus pais. Ter filhos não é um passeio no parque.
O filme mostra características que somos ensinados a odiar: uma mãe que não gosta da maternidade, que não acha natural, que preferiu dar prioridade à carreira. Só que não dá para odiar a Leda, ninguém estava na pele dela, ninguém viveu a realidade dela, só ela sabe do peso que todas as suas decisões tiverem, até mesmo as que ela não tomou. Se você assistiu e odiou a Leda ou a Nina, julgou as suas decisões e falas, você provavelmente tem uma visão equivocada da maternidade real. E isso não é generalizar ou demonizar a maternidade.
O roteiro do filme faz jus à indicação de Melhor Roteiro Adaptado. A história é contada de forma tão natural e fluída, que até os personagens coadjuvantes não são só pessoas para fazer volume na trama. A direção da Maggie Gyllenhaal possui uma beleza e delicadeza incríveis, que valoriza muitíssimo as atuações espetaculares Olivia Colman e da Jessie Buckley nos momentos de close. Um filme de estreia de respeito e que tem meu favoritismo nas 3 indicações que recebeu.
A Filha Perdida está disponível no catálogo da Netflix.
As críticas dos indicados ao Oscar 2022 podem ser encontradas aqui.
Nota: 4,5/5
Autor do Post:
Jéssica Rodrigues
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Tropical darkzera, fã de filmes de horror, gateira, engenheira florestal, doutora em Crepúsculo e especialista em Cassandra Clare. Viajei por Idris, Forks, conheci Craigh na Dun e me diverti muito no Festival Midsommar.