CRÍTICA | “Uma doce revolução” tenta mirar em uma narrativa histórica e acaba acertando em trama rasa

Siga e Compartilhe:

Baseado em uma história real sobre a luta de uma mulher pela igualdade de gênero, o longa Uma doce revolução teve seu lançamento nesta terça (8) em comemoração ao dia internacional da mulher. 

Ambientado nos anos 1960, o longa tem como foco a personagem Grace (Anna Friel), uma mulher divorciada. Quando seu pai morre, ela volta à sua cidade natal e logo descobre que a família está falida e com dívidas, ao tentar pegar um empréstimo, é informada pelo banco que essa opção só é permitida aos homens. Decidida a conquistar sua independência financeira, Grace consegue a ajuda de um aliado do Congresso (Kelsey Grammer) e começa sua batalha por mudanças na legislação da época. Sua luta leva a uma simples, mas importante alteração no texto da Lei de Direitos Civis nos Estados Unidos, que mudará o futuro das mulheres.

Embora o longa tenha a proposta de mostrar uma luta histórica feminina, ele se perde muito dando espaço para longas cenas protagonizadas por homens. Com exceção da protagonista, nenhuma outra mulher do filme tem realmente um enredo relevante para trama ou para a própria trajetória da narrativa.  E assim o longa não consegue acertar na ideia de luta coletiva e nem em uma biografia.

Por vários momentos o roteiro tenta criar uma narrativa de união feminina, mas acaba acertando na síndrome da salvadora, colocando uma protagonista sem nenhuma força de vontade ou desejo de superação. Tudo parece raso demais e sem real interesse. A todo momento o que a história quer vender como luta soa mais como uma conquista pessoal e individual, e quando a narrativa principal encontra seu propósito é sem graça, parece mais um presente dado por um homem que uma luta conquistada de fato por uma mulher. 

READ  FILMES | Daisy Ridley negou que estará na próxima trilogia de Star Wars

Outro problema é como a narrativa tenta colocar a luta feminina como algo necessário para a independência e esquecer de mostrar isso na trama, até nos momentos em que a protagonista tem a chance de explicar como essa luta pode dar a liberdade para outras mulheres isso é vazio e esquecido. Fica tudo a interpretação de quem assiste.

Uma doce revolução é um filme que mira em mostrar os detalhes de uma importante conquista feminina e acerta em um sucessor de Historias Cruzadas ao trazer a narrativa da salvadora branca para um filme com elenco majoritariamente negro, sem citar como naquele mesmo momento acontecia uma das maiores lutas do movimento negro que culminou na lei do direito ao voto. E ainda coloca cenas de racismo e segregação racial sem nem tentar tocar na pauta racial.

Dirigido, escrito e produzido pelo cineasta estreante S.E. DeRose, o filme ainda traz nomes como Sean Astin (“O Senhor dos Anéis”), Aml Ameen (“I May Destroy You”) e Jill Marie Jones (“Girlfriends“) no elenco.

Nota: 2,3/5

Avalie a produção!

Autor do Post:

Yara Lima

administrator

Uma das fundadoras da Tribernna, estudante de comunicação social, nordestina e periférica. Divide o tempo entre ler, dormir e escrever por ai!

    Continue Reading

    Previous: MODA | Coleção “The Batman” chega à loja da DC no Brasil
    Rate article
    Tribernna