Brooklyn nine-nine foi uma daquelas séries que quando as pessoas descobrem de verdade já tem algumas temporadas em andamento e uns bons anos de baixa audiência. No entanto a série se tornou um fenômeno ao chegar aos streamings brasileiros e garantiu uma fã base de respeito para acompanhar o resto de sua trajetória.
Uma das maiores características da série foi conseguir dosar o bom humor bobo com assuntos mais sérios e dramáticos, de certa forma essa é uma das maiores característica das séries criadas por Michael Schur (The Office, The Good Place). E foi saber se dividir entre essas nuances, que a série conseguiu encerrar sua trajetória de maneira justa.
Entre a sétima e oitava temporada da série aconteceu a morte de George Floyd, fato que levou milhares de manifestantes do Black lives matter as ruas e colocou em cheque a formula estadunidense de colocar a polícia norte americana sempre com o clássico tom de heroísmo. Isso mudou a percepção que os próprios fãs da série tinham da instituição que serve como pano de fundo para os enredos principais da trama. Afinal, mesmo sendo uma série de comédia, ela se encaixa perfeitamente no tipo de propaganda que eleva a mesma policia que comete assassinatos brutais contra corpos negros. Esses eventos mudaram completamente o rumo da temporada final que teve os roteiros reescritos para combinar com o cenário atual e trazer o seu panorama.
É fato que uma comédia que não tivesse desde o inicio essa proposta de dosar o humor e o drama não teria suportado essa mudança brusca no destino da história, e talvez tivesse encerrado sua jornada com uma visão vazia e descabida do próprio cenário que se propôs a falar. No entanto a série soube se erguer e terminar com maestria uma trama que tinha conquistado tantas pessoas.
Já no primeiro episódio descobrimos que Rosa (Stephanie Beatriz) pediu demissão da polícia após os protestos e abriu uma agência de investigação particular, onde tenta ajudar vítimas de violência policial. Algo que já era fácil de se esperar dada a construção da personagem. O capítulo mostra o conflito entre ela e Jake (Andy Samberg), que se considera um bom policial e tenta mostrar a amiga que nem todos são problemáticos. Durante o episódio ele acaba entendendo que é irrelevante essa distinção pessoal diante dos problemas da polícia.
A temporada consegue seguir um roteiro pontual que passa por uma nova dinâmica do relacionamento de Jake e Amy (Melissa Fumero) agora que são pais e precisam alterar a logística para que o bebe tenha o melhor tratamento possível, e culmina na explicação de que esses problemas policiais são sistêmicos e não individuais. Ao mesmo tempo em que a trama se encaminha para encerrar a trajetória dos seus personagens e dar um final decente para quem acompanhou os oito anos da série.
Embora a sexta e sétima temporadas tenham dado a impressão de que a série estava se perdendo e, se talvez tivesse uma nona ela ficaria ainda mais perdida em sua narrativa, a oitava chegou para mostrar o porque Brooklyn Nine Nine se consagrou um fenômeno entre as séries de comédia procedural. Seu final foi coeso com tudo o que a série propôs ao longo de seus oito anos e conseguiu dar adeus de uma maneira pontual, que ainda valorizará o passe da narrativa no futuro.
Todas as oito temporadas da série estão disponíveis na Netflix.
nota 4
Nota: 4/5
Autor do Post:
Yara Lima
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Uma das fundadoras da Tribernna, estudante de comunicação social, nordestina e periférica. Divide o tempo entre ler, dormir e escrever por ai!