CRÍTICA | “KIMI – Alguém Está Escutando” aposta em um black mirror batido

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A pergunta (sem resposta) sobre qual rumo a tecnologia irá tomar com o passar dos anos é uma temática recorrente nas produções, seja em filmes, séries ou até mesmo podcasts. Uma das produções mais famosas da atualidade, que lidou com essa tema, foi Black Mirror. Logo é inevitável achar que “KIMI – Alguém Está Escutando” esteja reaproveitando um conceito já utilizado, e não seria um problema se ao menos tivesse uma identidade.

Na trama acompanhamos Angela (Zoë Kravitz), uma agorafóbica que trabalha com um dispositivo tecnológico avançado, que serve como uma assistente virtual. Até que um dia acaba descobrindo evidências de um crime violento ao revisar um fluxo de dados. Após encontrar um certo tipo de resistência e burocracia quando tenta denunciá-lo à sua empresa, ela percebe que deve enfrentar seu maior medo saindo de seu apartamento e indo para as ruas da cidade, que estão cheias de manifestantes depois que a Câmara Municipal aprova uma lei que restringe os movimentos da população sem-teto.

Antes de falar do ponto principal do filme, que é a tecnologia, há de ressaltar que por muitas vezes você esquece que a protagonista tem agorafobia. Não é como em A Mulher Na Janela, em que a doença é pontuada e acentuada em diversos momentos decisivos da trama. Em “KIMI”, a condição médica da protagonista é apresentada pelo simples “não querer” sair de casa e quando chega o momento em que finalmente sai não é tão avassalador e desesperador como esperamos.

A ideia do cineasta  Steven Soderbergh de tentar evidenciar tal sensação de desespero na imensidão do externo pelo ângulo de suas lentes, planos longos e com uma perspectiva que diminuísse a protagonista, não foi o suficiente para demonstrar que a sua agorafobia é um empecilho real para sua jornada. Colocando em prática, a sua agorafobia acaba sendo uma característica descartável, não interfere no momento mais crítico da trama e só se faz presente em momentos superficiais.

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Quanto ao tema principal: a tecnologia. Funcionaria muito mais se fosse lançado a pelo menos uns 10 anos atrás, no entanto, agora parece mais um tema batido e genérico. Sem inovação, “KIMI” expõe uma empresa corrupta que tenta encobrir um assassinato registrado pelo sua própria tecnologia. 

No começo o filme até tenta provocar aquele sentimento de invasão de privacidade, com Angela ouvindo conversas vindas da assistente virtual que dá nome ao filme, mas… não é algo que nos amedronta, não na forma como foi apresentada. Talvez se fosse mais explorado que essa vigilância seja utilizada para algum propósito, ou aproveitada para fins lucrativos, a temática soaria mais amedrontadora e não tão…superficial, como um “acidente” de gravação.

Ainda assim, vale mencionar que Kravitz consegue conduzir a narrativa de forma agradável, entretendo o público e mantendo a atenção em seu desempenho, principalmente nas cenas de mais ação. Angela, que tem um passado bem triste e traumático — mal explorado —  prova ser uma sobrevivente inteligente e capaz de consagrar a heroína de sua própria história.

Não me leve a mal, o filme não é de todo ruim, mas suas maiores qualidades se dão graças ao desempenho do elenco, que carrega alguns destaques seja no carisma ou na desenvoltura de seu papel. O que faz com que o filme consiga ser divertido de assistir, uma experiência interessante.

No entanto, “KIMI” atropela no final, guiando de forma rápida demais à conclusão, desperdiçando elementos de tensão pelo thriller criado e se apressando em terminar o filme que tem apenas 1h30min de duração. O longa ao fim demonstra ser nada além de medíocre (mediano) e sem destaque algum dentro dos filmes do mesmo gênero. Surfando no assunto do momento, como tecnologia e pandemia, “KIMI” entrega um assunto reaproveitado sem impor uma identidade original.

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“KIMI – Alguém Está Escutando” está disponível na HBO MAX.

Nota: 2,9/5

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Autor do Post:

Ludmilla Maia

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25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.

Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.

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