CRÍTICA | Midnight é eficaz na tensão do suspense e brilhante na crítica social

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A temática envolvendo serial killers atrás de jovens que são portadores de alguma deficiência não é algo realmente novo no cinema. Podemos citar o suspense Hush como um dos longas que te prende do inicio ao fim, no entanto Midnight (Fuga da Meia-Noite) vai além da tensão característica e mergulha em uma crítica social brilhante.

Com a direção e roteiro de Kwon Oh-Seung, o longa sul-coreano estrelado por Wi Ha Joon (Round 6) e Jin Ki-Joo, traz a história de Kyung-Mi, uma mulher com deficiência auditiva, que acaba testemunhando um dos ataques do serial killer Do-Sik. Agora caçada pelo criminoso, ela se envolve em um perigoso jogo de gato e rato que também ameaça sua mãe.

Um dos pontos mais interessantes do filme é que ele não enrola de jeito algum o espectador, não há um mistério desnecessário sobre quem é o assassino ou desconfianças sobre as verdadeiras intenções do elenco principal. Logo nos primeiros minutos já sabemos que Do-Sik (Ha Joon) é o nosso grande vilão, além de termos o conhecimento como é seu método para abordar vítimas (e seu temperamento muuuuito instável).

O fato de Midnight colocar as cartas na mesa, deixar claro quem é quem no filme e suas reais intenções, abre espaço para um desenvolvimento dos dois envolvidos na trama, que na verdade é uma longa perseguição. Não me entenda mal, não digo um desenvolvimento pessoal dos personagens, neste filme não há isso. Ele deixa claro nos primeiros minutos que estamos lidando com uma história de perseguição, um thriller misturado com ação e é isso.

Ainda assim, o roteiro em si não se limita a nos dar somente corridas (e mais corridas), confrontos e lutas corpo a corpo. Midnight, gradativamente, explora as limitações que a sociedade tem em relação a pessoas com necessidades especiais. No caso da nossa protagonista, que não consegue ouvir ou falar, fica claro como ela se torna invisível para a comunidade. Não há uma pessoa sequer preparada para atende-la, nem menos servidores da comunidade como os policiais. E é ai que a crítica mora, a maior tensão criada dentro da trama é a incapacidade de se comunicar, não no sentido literal da palavra, mas no sentido de ser ouvida, notada… vista. Isso dói mais que as facadas do serial killer.

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Enquanto nossa protagonista está pronta para viver no mundo, se adequando as adversidades e se adaptando do modo mais confortável para seu dia a dia, a sociedade esquece e não faz questão de notar sua existência. O sentimento de solidão é inserido, mesmo que ela não esteja propriamente sozinha fisicamente. É agonizante, revoltando e simplesmente triste saber que, infelizmente, isso é real.

Por outro lado, Jin Ki-Joo é transformada em uma das minhas final girls favoritas do cinema, com toda sua garra, determinação e perseverança. A atriz dá vida a uma personagem com uma determinação incomparável, não só para garantir que continue viva até o final do filme, mas para manter os outros envolvidos vivos também. E como se não fosse melhorar, ao fim ela entende a mente do assassino e nos da uma das melhores reviravoltas do suspense coreano. Sua inteligência acaba sendo sua maior arma.

Não poderia deixar de comentar a performance de Wi Ha Joon no longa. Entregando uma atuação exímia, o ator se transforma em um psicopata, demonstrando uma habilidade maior das que ele havia vivido em alguns de seus trabalhos anteriores. Ha Joon desfaz a imagem de queridinho e nos entrega um homem realmente ruim, maligno e nos faz odiá-lo. Sua instabilidade é o que deixa o filme mais instigante, ele não faz um assassino muito inteligente e sim impulsivo, o que faz com que seu próximo passo não seja tão previsível assim.

O filme não se destaca nas partes mais técnicas, ele surfa no mediano, com filmagens em ruas estreitas e focando mais na performance dos atores, que acaba sendo o maior foco do longa. Ainda assim, vale mencionar que Midnight surpreende na sua trilha sonora, principalmente nos momentos mais tensos em que o silêncio se fazia mais presente.

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Midnight é um filme capaz de conquistar até que não gosta muito do gênero, entrega atuações primorosas, um roteiro crítico que faz a revolta se instaurar conforme a sua narrativa se avança. Garante atuações realmente boas e nos deixa refletindo ao fim.

O filme irá estrear no Telecine no dia 21 de fevereiro. Ouça o episódio do nosso podcast sobre o filme aqui.

Nota: 4,5/5

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Autor do Post:

Ludmilla Maia

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25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.

Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.

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