Com a direção de George Clooney, “The Tender Bar” chegou no Prime Video neste mês de janeiro emocionando ao conduzir uma jornada emotiva, dramática e com um toque acolhedor.
Estrelado por Ben Affleck, Tye Sheridan, Daniel Ranieri, Lily Rabe e grande elenco, o longa aborda a história do jovem J.R. Maguire (Ranieri), de 9 anos, que se muda para a casa em ruínas de seu avô em Long Island, NY. Sedento por uma figura paterna sólida em sua vida, o garoto se apoia em seu Tio Charlie (Affleck) que ensina pequenos-grandes ensinamentos no decorrer de sua vida.
O longa ele é basicamente divido em duas partes, na primeira presenciamos a primeira fase impactante da vida do protagonista, em que ele estabelece raízes, cria vínculos e aprende o que é ter uma família. Já na segunda parte, vemos o reflexo disso, agora um jovem adulto (interpretado por Sheridan), ele deve lidar com as escolhas da vida adulta sozinho, mas mantendo ainda a influência de seu Tio Charlie.
Fica claro ao fim que a primeira parte de “The Tender Bar” é muito mais elaborada e desenvolvida que a seguinte. Há uma atenção maior dentro da construção dos personagens, o drama é bem dosado e o vínculo com a audiência é solidificado graças ao desempenho e o entrosamento entre Ranieri e Affleck. Ranieri brilha e nos entrega uma atuação digna de chamar atenção das premiações mais renomadas.
Durante esse estágio inicial, que perdura por quase metade do filme, tudo é conduzindo de forma carinhosa e emocionante, até os momentos mais doloridos. Affleck desempenha o papel do tio que não é nada politicamente correto, mas que de alguma forma configura em um bom exemplo e um ótimo guia para a viagem turbulenta que é a vida do protagonista, se tornando eventualmente uma figura paterna forte e impactante.
Os demais integrantes da família foram essenciais para essa aproximação do público com a história. Apesar de ser nada tradicional, turbulenta e conflituosa, a família do protagonista mostra ser um pilar extremamente importante para a sua criação. E o mais belo disso é que o roteiro deixa evidente que ele gosta, aprecia e é agradecido por isso, ainda que em sua fase mais infantil.
A ambientação do filme, bem como sua trilha sonora, acabam se tornando personagens vitais para a trama. Construindo um ambiente por muitas vezes acolhedor, vemos pela perspectiva do protagonista, que encontra o lar em um bar e seu refúgio nos livros.
No entanto, quando pulamos para a sua vida adulta, parece que o filme se desloca do que foi proposto inicialmente e ganha um tom totalmente diferente. A personalidade do protagonista, agora vivido por Sheridan, chega ser insuportável de assistir. O laço criado com o Tio Charlie, ainda que na história permaneça vivo, na trama apresentada fraqueja pela falta de cenas que cause algum tipo de comoção, como as vistas no início.
Essa segunda parte é extremamente monótona e superficial. Enquanto vimos a criança tendo que lidar com problemas de adulto, presenciamos sua versão adulta mais infantil, impulsiva e com obstáculos superficiais como a obsessão pelo seu primeiro amor. O roteiro erra ao nos dar profundidade inicialmente e então quando nos apegamos a história acabamos mergulhando de cabeça num poço raso e fútil.
Com exceção do arco entre o protagonista e seu pai, tudo que foi vivido e mostrado é descartável. É cansativo, entediante e chega até dar um pouco de sono. O que é uma grande pena, já que todo potencial de um drama nível Oscar foi jogado por terra com a direção que o filme tomou.
“The Tender Bar” é um filme que prometeu uma jornada mais intima e emocionante sobre perseguir seus sonhos, sobre a importância da família na construção de uma pessoa, no entanto, se perde, falha na proposta inicial e finaliza com uma superficialidade fantasiada de conquista e superação.
Nota: 3,3/5
Autor do Post:
Ludmilla Maia
administrator
25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.
Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.