O último episódio de Yellowjackets chegou para o público no dia 16 de janeiro, e apesar da série estar sendo muito bem elogiada, não está sendo tão popular ou falada entre os brasileiros (talvez por ter chegado através de um dos streamings menos populares do país, a Paramount+.
A série de suspense dramático conta a história de um time de futebol feminino que sofre um acidente aéreo a caminho de um campeonato. Yellowjackets se passa em duas linhas temporais, em 1996, o ano em que o avião cai em uma floresta e as meninas precisam se virar para se salvar enquanto o resgate não chega; e 2021, quando acompanhamos algumas delas adultas e suas vidas com as marcas adquiridas por tudo o que aconteceu na floresta. A série é uma produção original do canal Showtime e é produzida por Ashley Lyle e Bart Nickerson, os mesmos criadores de Narcos e Narcos: México. A maioria dos episódios são dirigidos por mulheres, além de contar com maioria feminina na sala de roteiros e na produção.
Yellowjackets tem sua narrativa diluída em 10 episódios que contam a história de maneira bastante segura. A série sabe muito bem quando alternar as linhas temporais, tanto para esconder, como para revelar seus mistérios. Apesar da sua cena de abertura deixar pistas de um terror sobrenatural, passamos a primeira metade da temporada tensionados por um suspense bastante realístico de adolescentes que tentam sobreviver a uma tragédia sem perspectivas de serem resgatadas, enquanto suas versões adultas tentam deixar para trás essa fase da sua vida e esconder as coisas que fizeram naquele lugar. Mesmo com sua trama principal sendo esse mistério, o roteiro trabalha muito bem as questões pessoais de cada personagem, suas questões com sexualidade, espiritualidade e familiares. No quesito da sexualidade, destaco aqui a direção que poderia apelar para um teor sexual em várias cenas, mas não o fez, o que deixou um tom muito mais verossímil à realidade e não destoou da condução da série.
Apesar de não ter nenhum nome de grande holofote, o casting trouxe um elenco adulto bastante experiente que soube dar todas as nuances necessárias para os seus personagens, e que conversaram muito bem com as atuações das suas versões jovens, que apesar de também não ter nenhum nome de peso, entregaram interpretações primorosas. Os destaques ficam por conta do quarteto principal, nas suas versões adultas e jovens respectivamente: Melanie Lynskey (Shauna), Juliette Lewis (Natalie), Tawny Cypress (Taissa), Christina Ricci (Misty), Sophie Nélisse (Shauna), Sophie Thatcher (Natalie), Jasmin Savoy Brown (Taissa) e Sammi Hanratty (Misty).
No meio de tantas séries de mistério teen medianas, Yellowjackets entrega o que quase nenhuma delas conseguiu fazer: uma obra que te prenda pela história e pela tensão. A série está sendo bastante aclamada e é forte candidata a estar presente em várias premiações. Se não se perder no caminho, a produção tem potencial de entrar no grande hall das séries do gênero. Yellowjackets já foi renovada para sua merecida segunda temporada que chegará em 2023.
Ah, e além de tudo, a série também entregou uma das melhores aberturas do ano de 2021.
NOTA: 5/5
Autor do Post:
Hector Sousa
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Sergipano. Bacharel em Cinema e Audiovisual. Cineasta, podcaster e improvisador. Escreve para Tribernna sobre cultura pop. Amante daquele pagodinho e fã do Miles Morales.