Lançada no último dia do ano que já se findou, a 4ª temporada de Cobra Kai chegou para tentar resolver de uma vez por todas os problemas entre os senseis Lawrence (William Zabka) e LaRusso (Ralph Macchio) originários da trilogia clássica dos anos 80 Karatê Kid.
Agora com um inimigo em comum, o Cobra Kai, os dois senseis são obrigados a lidar com suas diferenças para destruir um dojô que corrompe jovens desde dos anos 80, ao mesmo tempo em que os jovens lutadores tem que lidar com suas relações conturbadas e as consequências da temporada anterior.
O grande defeito desta temporada, o que não acontece nas anteriores, é da lentidão pelo qual o rumo da história toma para si. A temporada realmente começa apenas na metade, após 4 ou 5 episódios a narrativa finalmente “pega no tranco” e nos encaminha para uma jornada surpreendente, mais dramática e cruel que a anterior.
O começo ameaça explorar a relação entre Lawrence e LaRusso mas bate na mesma tecla em todos os núcleos que explora, quando insere a rivalidade dos dois acentua os mesmos pontos que vimos nas temporadas anteriores, se destacando apenas na compreensão de que os dois podem se complementar (mas isso só acontece de fatos episódios mais tarde), e quando insere a rivalidade dos jovens, coloca novamente os mesmos pontos já abordados, o bullying, a raiva desenfreada, o ciúme juvenil, parecendo dar voltas nos mesmos pontos e cansando quem já assistiu e sabe onde tudo vai acabar.
Ainda assim, quando temos a inclusão de Terry Silver (Thomas Ian Griffith) à trama, com seus caos e sociopatia, a dose de drama eleva na história que evolui, consequentemente, para algo além de uma rivalidade meramente superficial. A mudança de visão do Cobra Kai acaba refletindo nos alunos mais antigos que se veem em uma nova dinâmica onde suas ações são repensadas. Agora, fica visível a evolução de determinados personagens do elenco adolescente de Cobra Kai, que a partir deste momento devem tomar uma decisão que moldarão seus futuros.
A sub trama que envolveu o novato Dallas Young, como Kenny, e Griffin Santopietro, como Anthony LaRusso, por mais interessante que seja, em evidenciar o que o bullying pode causar na vida de alguém, além de inserir o mocinho do sensei Daniel em uma perspectiva diferente da sua vivência, foi mal aproveitado se olharmos como um todo. Ainda assim, há esperança que essa seja apenas uma mera introdução para um arco mais completo na próxima temporada. Minha única torcida é para que Kenny não caia no estereótipo inserido ao seu irmão na trama.
Quando digo que o drama foi elevado nessa temporada, digo a respeito do desenvolvimento de alguns personagens como Miguel (Xolo Maridueña) e Robby (Tanner Buchnan), que de certo modo centralizaram as suas raivas para fazer as pazes com seus passado. Buchnan brilha na atuação nesta temporada, carregando sentimentos mistos e conflituosos e nos dando ao fim uma cena pra lá de emotiva. Maridueña se firma como o bom moço de Cobra Kai enfatiza uma característica sua que estava um pouco esquecida lá no começo da série, e se afasta dos valentões. Seu arco final dá ensejo a uma nova dinâmica dentro da série, que pela primeira vez não terá o karatê como foco principal.
Como sempre, os episódios finais de Cobra Kai são de tirar o fôlego, compensando a lentidão do começo, a série tem dois episódios finais magníficos, expandindo o potencial de seus personagens, evoluindo o drama individual dos principais, inserindo a presença de novos personagens significativos à franquia de Karatê Kid e nos dando um gostinho de quero mais. É perceptível que as lutas estão mais elaboradas e com uma atenção maior aos detalhes e a tensão que ela carrega, o que a faz ser a cereja no topo do bolo da 4ª temporada.
Nota: 4,1
Autor do Post:
Ludmilla Maia
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25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.
Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.