Matrix sempre foi conhecida por ser uma franquia, que revolucionou a indústria de cinema de ação, com efeitos especiais nunca utilizados antes. Mas Matrix é muito mais que isso, a história fala sobre anarquia, sobre o sentimento de inadequação, sobre questionar o que entendemos como mundo.
Agora temos um novo filme, depois de duas sequências que não fizeram tanto sucesso quando seu predecessor – Matrix 1 – temos um novo fôlego, para essa franquia.
Falemos primeiro, dos pontos positivos. O novo filme tem uma missão muito difícil. Continuar uma das franquias de ficção científica, de mais sucesso da história do cinema. Em alguns momentos o filme é muito genial, ele usa elementos estabelecidos nos filmes antigos, com uma nova roupagem renovando conceitos e trazendo identidade sem fugir demais do que é ser Matrix, até certo ponto, o que vou explicar quando for falar os pontos negativos.
A forma como o roteiro apresenta Neo e Trinity, vivendo “vidas normais” que são bem distantes das que viviam anteriormente, mas próximas o bastante para não lhes causar estranheza, é incrível.
Neo é um designer de jogos mundialmente famoso, responsável pela criação da “trilogia Matrix” uma franquia de jogos inspirada na história que Neo viveu e que nós acompanhamos. Enquanto Trinity é uma mecânica de motos, casada e com dois filhos.
E nesse aspecto o filme acerta muito, porque deixa os dois em uma situação delicada. Os dois se veem sempre, mas não se lembram um do outro. Apesar de estarem próximos estão distantes ao mesmo tempo.
Eu acho que a condição de Trinity é bem mais interessante, ele agora é casada e mãe de dois filhos vivendo uma vida mundana, como um pássaro na gaiola, querendo voar, mas presa a sua condição. Eu achei esse conceito muito inteligente, já que a personalidade de Trinity foge completamente disso, sendo ela uma das personagens femininas de mais destaque na cultura pop justamente por fugir desse padrão. Em dado momento a mesma levanta esse questionamento. Eu sempre quis ser mãe, ou apenas estou vivendo o que fui programada para fazer.
No caso de Neo os anos que ele viveu em sua condição atual, mudaram a personalidade do personagem. Agora ele é menos confiante, menos dono de si. Por muitos anos o mesmo foi levado a acreditar que tudo o que viveu não passou de um surto psicótico. O que ainda afeta o personagem durante a trama. Mesmo depois que ele descobre que estava sendo enganado pela Matrix, isso não muda de cara, já que o mesmo não consegue usar todas as suas habilidades. Ou ate mesmo não tem o controle de tudo aquilo que é capaz.
Agora temos um novo Morpheus, uma versão mais jovem do personagem, já que dos acontecimentos passados nos 3 filmes anteriores, se passaram 60 anos, e não 20 como imaginamos. O novo Morpheus é uma projeção criada por Neo, da imagem que ele tem de seu mentor. Portanto o personagem não exatamente o mesmo Morpheus que estamos acostumados.
No geral o filme está bom, com exceção de algumas piadas fora de hora, Matrix é separadamente um ótimo filme de ação, mas esse é o ponto. Ele só se torna bom analisado separadamente do resto da franquia.
Vamos lá aos contras. O filme bebe muito da fonte dos filmes antigos, recriando quase que com perfeição cenas icônicas do primeiro filme da franquia. O que no início é interessante, já que causa aquele sentimento de nostalgia, para aquecer os fãs da franquia. Mas Matrix 4 peca pelo exagero nesse aspecto, as novas cenas não são apenas Easter-eggs, mas são quase que a mesma cena. Em certo ponto o filme quer deixar tão claro que é a mesma coisa, que em certo momento, a cena antiga passa em um telão enquanto vemos sua releitura.
Os personagens principais tem uma certa evolução, mas a história em si não evolui. Está tão presa dentro da nostalgia que o filme não se renova, continuamos vivendo as mesmas coisas junto com os personagens. A Matrix evoluiu, temos uma nova ameaça, porém eles ainda insistem na subtrama do agente Smith. O antagonista da franquia anterior está de volta também. O que pra mim torna essa nova franquia preguiçosa, uma coisa é trazer os mesmos personagens, para enfrentar uma nova ameaça. Outra e criar a mesma história com uma “maquiagem” para parecer algo novo, com o mesmo “do mesmo”.
As cenas de ação do filme são até bem executadas, mas os efeitos especiais não são muito bem feitos. O que antes era algo sempre inovador e inventivo, deu lugar para conceitos já usados em outros filmes de ficção científica.
Matrix 4 é um filme que se analisado separadamente é muito bom, tem muitos elementos interessantes, mas quando vemos ele no todo, como uma continuação de uma das franquias de maior sucesso da história do cinema, o filme peca demais em fazer o fácil.
NOTA: 3,5/5
Autor do Post:
Gladimir Carvalho
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Um lufano, que jamais abandonaria os amigos, como Samwise Gamgee não abandonou Frodo. Cinefilo quando dá. Aprendiz de Otaku, que sempre antes de tomar uma decisão importante, se pergunta: O que o Naruto faria no meu lugar? Podcast: @adultojovem