CRÍTICA | ‘Casa Gucci’ é muito irregular

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Dirigido por ninguém menos que o gênio Ridley Scott, ‘Casa Gucci‘ estreou na última semana no Brasil prometendo contar a história por trás de um dos crimes mais conhecidos do mundo da moda: o assassinato de Maurizio Gucci. Perdido entre a relação de Patrizia e Maurizio e a família Gucci, o roteiro não parece saber muito bem o que quer e durante mais de duas horas e meia patina entre esses dois “núcleos”, sem conseguir dar de conta por completo de nenhum dos dois, pelo menos não de forma satisfatória.

Seja no ritmo ou no próprio enfoque que o roteiro dá nos integrantes da família: ‘Casa Gucci‘ é irregular demais, criando momentos incríveis e destruindo-os logo após. Enquanto algumas cenas são fundamentais para entendermos a história, outras parecem apenas jogadas, absolutamente aleatórias, sem nenhuma importância. Isso incha o longa e faz a duração se tornar arrastada e por vezes chata. Além disso, cria confusão, deixa a narrativa em caos, não consegue firmar uma cronologia dos fatos decente, compreensível, mesmo nos seus melhores momentos (e eles existem! são vários!).

Um claro fator que pode causar uma irritação gigantesca em ‘Casa Gucci‘ é o sotaque horroroso do elenco. Em cena, parece uma competição pelo pior, pelo mais exagerado ou mais canastrão. Dá dor de cabeça. A mistura de um italiano que mais parece russo com o inglês é um constante lembrete de que “ah, essa história se passou com italianos, viu? Mas é isso mesmo, só contratamos um ator deste país, então vão ter que aguentar gente forçando o sotaque”. Péssimo. Al Pacino engole todo o elenco. Jared Leto surpreende. Lady Gaga possui excelentes momentos, mas alguns muito superficiais, assim como Adam Driver. O casal de protagonistas é sem sal, não há muita química entre os dois (propositalmente?).

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A equipe de maquiagem é excelente, o trabalho com os figurinos é impecável, a trilha sonora é cheia de clássicos, mas às vezes estes estão totalmente desconexos do clima da cena. Fotografia também muito competente e toda a contextualização para a época em que a história aconteceu é fantástica, além da caracterização do elenco, que está muito próxima à realidade.

Mas os herdeiros dos Gucci podem voltar a ficar tranquilos, apesar de não terem gostado da falta de consulta na realização do filme: ao esconder alguns detalhes da história original (inclusive da interessante investigação do crime que quase não desvendava o caso, que ficou prestes a ser arquivado) e novelizar demais, o longa está longe de ser levado a sério, embora queira muito em determinados momentos e em outros abrace apenas a “fanfarrice” e a excentricidade dos protagonistas.

‘Casa Gucci‘ mirou no Oscar e não acertou em lugar nenhum. Mais que isso, mesmo sendo capaz de gerar diversos debates para além da própria história, parece desinteressante e irreal muitas vezes. Monótono, as atuações não são capazes de sustentar uma história tão irregular e sem graça, que mistura diversos elementos e gêneros e fracassa em todos. Não é um bom romance, não é um bom thriller, não é um bom true crime. Mesmo sua melhor faceta, de drama, é insossa e não causa impacto, a não ser pela última parte, quando somos apresentados ao final trágico da família Gucci. Coincidência ou não, a sensação ao sair da sala de cinema é muito semelhante a este final. Esse é seu grande mérito.

Nota: 2,8/5

Autor do Post:

Paulo Rossi

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Um sonhador. Às vezes idealista, geralmente pessimista e sempre por aí metido num bocado de coisas. Apaixonado por audiovisual, cearense com baita orgulho e um questionador nato com vontade de gritar ao mundo tudo que acredita.

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