CRÍTICA | “Chernobyl: O Filme – Os Segredos do Desastre” não se garante na construção dos personagens, mas garante momentos intensos

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A Tribernna assistiu ao filme antecipadamente a convite da Paris Filmes

O maior acidente nuclear da história sempre foi alvo de produções que retratem o acontecimento de formas e expectativas distintas. Depois de acompanharmos a vencedora do Emmy de Melhor Minissérie, que foi elogiada pela fidelidade dos acontecimentos retratados (bem como a caracterização), agora ganhamos o filme que mistura a realidade com a ficção com intuito de homenagear as pessoas que se sacrificaram em uma das piores catástrofes provocadas pelo homem na história.

“Chernobyl: O Filme – Os Segredos do Desastre” conta sobre o sacrifício de três heróis da vida real  e de outras centenas de pessoas que arriscaram suas vidas para evitar que o desastre fosse ainda maior, e que poderia ter tornado grande parte do continente europeu uma zona inabitável. Tendo como background um evento real, o filme cria personagens que foram essenciais para conter o dano gerado.

Com a direção e protagonismo de Danila Kozlovsky, o filme peca em construir personagens tão dramáticos (e emocionantes) quanto a tragédia, que acaba servindo apenas de enfeite para a história do bombeiro Alexey (Kozlovsky). Não há o sentimento de perda e dor porque o filme não nos prepara para isso. Quando se é contada a mesma história dezenas de vezes, por mais triste e trágica que seja, é necessário criar pilares que envolva o público em um terreno já conhecido. E, infelizmente, isso não acontece.

Chernobyl: O Filme demora a “pegar no tranco”, os 15 primeiros minutos do filme são absurdamente lentos e vazios, com o intuito de apresentar o protagonista e os personagens ao seu redor, a narrativa faz o oposto que pretende: em vez de simpatizarmos e criamos uma conexão com o bombeiro, criamos apenas uma aversão. É apresentado um homem imaturo, egoísta e simplesmente um cafajeste… fica difícil sentirmos qualquer coisa boa por um pai que praticamente renega um filho, ainda que tente se redimir em suas missões. 

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Toda o drama (principalmente os diálogos) são completamente descartáveis, em muitos momentos você esquece que está assistindo um filme sobre uma das maiores tragédias do mundo e confunde apenas com um drama familiar. Passa da metade do filme para que possamos finalmente presenciar o que era para ser o objeto central da história. E quando enfim chegamos… é nos dado apenas o mínimo. É frustrante esperar tanto para ver a dinâmica sobre o ocorrido quando é nos dado apenas a perspectiva de um bombeiro que estava praticamente no escuro, em relação as informações e dos responsáveis. Ou seja, sabe os “segredos” que está no título? Nunca são revelados. 

Todavia, não poderia deixar de frisar que o filme consegue criar momentos de tensão apropriados para o nível do acontecimento. Tanto na primeira chegada quanto nas missões dentro das águas escaldantes, a tensão é eminente, é tudo muito intenso e por muitas vezes agonizante. Os atores souberam expressar com coesão todo caos e dor do fatídico dia e os que o sucederam. Infelizmente não é só de meia dúzia de cenas que um filme bom deve se apoiar, e novamente, infelizmente o filme possui mais erros que acertos.

Com personagens apáticos e um roteiro monótono Chernobyl: O Filme desperdiça o potencial que a história carrega ao entregar uma história ficcional sem rumo, sem propósito e sem graça. Não consegue ser bem sucedido em nada que propõe, nem como uma homenagem aos voluntários nem como algo informativo sobre o acontecimento, na visão dos próprios russos. O filme estreia em 18 de novembro nos cinemas.

Nota: 1,7/5

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Autor do Post:

Ludmilla Maia

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25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.

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Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.

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