Um dos primeiros filmes da fase 4 do MCU insere uma cultura inteira inédita dentro da Marvel nos cinemas, fugindo um pouco do cenário estadunidense, agora estamos nas ruas da China e até mesmo em uma nova dimensão.
Estrelado por Simu Liu, “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” conta sobre esse jovem chinês criado por seu pai em reclusão e treinado em artes marciais. Quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar.
É incontestável que o que mais chama atenção no filme é seu visual, explorando paisagens naturais em cenas de ação que remetem aos clássicos do cinema kung fu, a imersão criada graças a fotografia, a locação, os figurinos e até mesmo alguns efeitos especiais é o que faz o filme se tornar uma cápsula do tempo e nos enviar direto para uma época onde Bruce Lee e Jackie Chan brilhavam.
Apesar de estarmos falando de super-heróis da Marvel, o filme bebe muito da identidade do gênero dos filmes previamente citados. Logo, espere muitas cenas de ação bem características, com saltos longos e em câmera lenta, o exagero que o cinema nos proporcionava acompanhado da magia e fantasia do místico dos dragões. E ele executa isso tudo com perfeição, para os que não estão acostumado causa estranheza no começa, mas aos que consomem produções similares se deleitam com a homenagem.
O roteiro desenvolve bem toda a lenda dos dez anéis e o que gira em torno dele, no entanto peca um pouco no desenvolvimento do protagonista que as vezes parece perdido em sua própria história. Para um filme de origem é esperado que o filme gire ao redor do protagonista, e ainda que o filme tenha escolhido não agir dessa forma (o que eu achei um ponto positivo) ele algumas vezes esquece de deixar claro a motivação do quase herói. Como por exemplo, por quê ele voltaria para salvar a irmã após décadas se foi ele mesmo que a abandonou e não resolveu procura-la mais até aquele determinado momento?
Ainda assim, Simu Liu é extremamente carismático e isso acaba compensando a falta de atenção que o roteiro teve com seu personagem. Logo nos seus primeiros minutos de tela nos apaixonamos por sua personalidade, bem como da sua companheira de tela Awkwafina, que viveu a melhor amiga Katy. O seu forte também são as cenas de ação, capazes de deixar qualquer um de queixo caído, principalmente em uma das primeiras grandes cenas do filme (aquela do ônibus), nos deixando com um gostinho do que ainda está por vir e nos fazendo imaginar como será sua interação nas dinâmicas em grupo com os outros heróis da empresa.
Acredito que na continuação podemos ver mais da lenda dos Dez Anéis, e por consequência inserir a raça alienígena Makluans e os guerreiros cósmicos presos nos anéis. Isso, definitivamente, traria uma jornada mais heroica na narrativa, com direito a todas ferramentas usadas na famosa fórmula Marvel, além de conflitos familiares (apesar de que aquela cena pós crédito vai garantir uma bela dor de cabeça para o protagonista).
“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” traz um dos melhores filmes de origem do MCU, com um frescor de novas e enérgicas possibilidades nesta nova fase, em uma produção que brilha em criar momentos de tensão e cenas de ação. Além de trazer um humor pontual, participações de outros personagens do universo e uma chuva de referência aos clássicos do cinema, o filme traz a grandiosidade dos heróis, o dilema de escolhas conflituosas e principalmente elementos de lendas chinesas, assim trazendo mais diversidade (real) ao universo, que estava em falta há uns belos anos.
O filme está disponível no Disney+ sem custo adicional.
Nota: 4/5
Autor do Post:
Ludmilla Maia
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25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.
Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.