Ao descobrir a duração de ‘Venom: Tempo de Carnificina’, a primeira reação de muitos pode ser de perplexidade por ser tão curta. Ao assistir ao filme, no entanto, a escolha por 1 hora e 25 minutos parece bem óbvia: é que o filme parece infinito, uma longa sessão de tortura em que cada minuto se transforma em 1 hora.
Não há nada bom neste longa. As atuações são tão caricatas e superficiais que o elenco parece automático e bastante alheio ao que está acontecendo em cena. E certo faz ele, já que os diálogos são vergonhosos e a linha narrativa simplesmente não existe.
Mais que isso, se a expectativa era a de que o filme se levasse menos a sério que o primeiro e com isso se tornasse mais divertido, mais “brincalhão” consigo mesmo, gerando um real sentimento de “quebra da fórmula”, ‘Venom: Tempo de Carnificina‘ não poderia ser mais decepcionante: até as cenas que deveriam divertir mais constrangem do que causam sorrisos. A festa vira um enterro nos primeiros 5 minutos.
Andy Serkis não demonstra em nenhum momento assinatura sobre o projeto e não brilha enquanto diretor em nenhum take. Apesar de tudo, a abordagem do simbionte aqui vai te causar, pela primeira vez, um sentimento de “carinho” pelo personagem. O contraste com Carnificina (Woody Harrelson) e a relação com Eddie Broke (Tom Hardy) transformam Venom quase em um herói, deixando o anti-heroísmo um pouco de lado nesta frustrante continuação de um primeiro filme igualmente terrível. Por alguns poucos minutos, você até se importa com o personagem e acha-o “fofo”. Nada que a próxima cena não estrague.
A ação não é capaz de salvar o filme do fracasso porque tudo aqui é genérico e absolutamente sem graça. São poucos os momentos em que o espectador pode criar vínculos com a história, porque ela é absurda e sem sentido. O Carnificina pode até garantir alguns bons momentos, mas nada significativo.
Apesar disso e do ritmo ruim, a partir da metade do longa a trama passa a melhorar, o que não significa muita coisa. O último ato é bastante frenético e há algo aqui que pode lembrar o Homem-Aranha do Tobey Maguire (talvez alguns elementos “toscos” que unam os dois, apesar da maestria dos filmes dirigidos por Sam Raimi ao contrário do que vimos aqui), deixando uma curiosidade sobre o encontro destes dois, que poderia ser muito mais interessante do que o encontro com o Homem-Aranha de Tom Holland, caso houvesse, nessa possibilidade, roteiro.
Com uma trilha sonora esquecível, uma direção fraca, roteiro inexistente, elenco apático, cenas constrangedoras e pouquíssimos momentos bons, ‘Venom: Tempo de Carnificina‘ vem para mostrar que tudo que é ruim pode sempre piorar. Até a cena pós-crédito sozinha é melhor que o filme inteiro. Traumático para quem já vai assistir esperando um filme ruim (porque para ser ruim é preciso melhorar muito), este longa exige que você vá extremamente preparado. De preferência, não vá. Curto e ao ponto como esta crítica, a existência deste filme é um ultraje à inteligência humana.
Nota: 0,8/5
Autor do Post:
Paulo Rossi
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Um sonhador. Às vezes idealista, geralmente pessimista e sempre por aí metido num bocado de coisas. Apaixonado por audiovisual, cearense com baita orgulho e um questionador nato com vontade de gritar ao mundo tudo que acredita.