Uma das histórias mais populares entre os fãs, que começou em forma de jogo lá em 2013 e depois ganhou um universo expandido nas hqs no ano seguinte, Injustice ganhou sua mais requisitada animação, no entanto não veio exatamente da forma como esperávamos.
Para contextualizar, o filme se passa no ano inicial do caos que motivou a transformação de um Superman com valores e ideais a um ditador impiedoso. Então, logo nos minutos iniciais vemos a sequência de cenas memoráveis que abordam o último filho de krypton caindo na armadilha de Coringa, tendo por consequência a morte de Lois Lane, milhões de cidadãos de Metrópolis e enfim a própria morte do palhaço do crime.
O filme tende a explorar mais os conflitos morais entre Batman e Superman do que a ação sanguinária propriamente dita que vimos em outras mídias da história, por mais que tenha uma luta ou outra eventualmente, fica claro que esse não é o foco do filme. E, infelizmente, nem o que ele se propôs a focar (essa mudança drástica do Superman e as consequências) ele conseguiu ser bem sucedido, visto que tudo acontece muito rápido, em uma história que originalmente demora 5/6 anos pra acontecer parece ter acontecido em 1 semana.
Não é evidenciado o real impacto que as atitudes do herói gerou na vida dos civis nem dos heróis que rejeitaram sua ditadura, por mais que mostre uma festa com “rebeldes” e um herói na prisão, isso não foi, claramente, o suficiente para determinar o tamanho da ameaça que o S em seu peito carregava. Isso não acontece em Entre a Foice o Martelo, por exemplo, que soube em seu tempo de tela explorar a ameaça devidamente, bem como sua redenção.
Uma parcela dos heróis principais foram bem explorados, em suas limitações de tempo, serviram como bom apoio para o desenvolvimento da narrativa, garantindo bons diálogos e frases de efeitos que pareciam ter saído diretamente do jogo (principalmente as da Arlequina). Bem como, consegue utilizar-se de momentos tensos para adicionar uma carga dramática a trama, como a morte de Asa Noturna e seus efeitos no Batman e no Robin (Damian). Todavia, não posso negar que há uma grande decepção quanto ao Flash, que acaba caindo em uma armadilha estupidamente fácil e boba e simplesmente morre nos minutos iniciais perdendo todo seu arco e importância dentro da história.
Se no primeiro ato do filme, mesmo com algumas derrapadas, temos momentos incríveis, o segundo é um tanto quanto morno, porém consegue manter atenção do espectador principalmente por causa do Batman. Mas o terceiro ato do filme se torna quase que intragável, a história começa a correr contra o relógio da duração do longa e se apressa demais, sendo direta ao ponto, atropelando alguns momentos importantes (como redenções e mortes que mereciam um certo destaque) e encerra com a esperança que fosse algo melhor, mas ao fim é algo decepcionante.
Mulher Maravilha é uma heroína cujo sua presença é meramente ilustrativa, se nas hqs você sente repulsa pela heroína e a forma que ela fomenta o pensamento fascista do Superman, na animação você por muitas vezes esquece até a presença dela.
O filme consegue implantar o sentimento de repulsa que acaba aflorando por este novo Superman, porém a história tenta inserir um arco de 5 anos e inúmeras hqs em uma filme de 1h18m, o que é impossível e resulta em uma história completamente apressada e com conclusões estupidamente fáceis demais, nada páreo aos maiores heróis do mundo. Sem contar com o grande clickbait ao prometer um filme igualmente sangrento porém entrega quase que inteiramente censurado.
Se você esquecer que Injustice é uma adaptação é capaz de gostar um pouco do filme, ele tem um certo divertimento que a história carrega previamente, traz o universo da DC reunido em uma história fora do convencional, traz drama, conflitos morais e alguns diálogos cômicos, porém se você realmente prestar atenção ao filme e inevitavelmente comparar com as mídias anteriores sairá frustrado quando os créditos aparecerem.
Injustice poderia se tornar uma trilogia, bem aproveitada, explorada e desenvolvida, no entanto acaba sendo uma animação com seu potencial desperdiçado em um filme genérico.
Nota: 2,3/5
Autor do Post:
Ludmilla Maia
administrator
25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.
Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.