CRÍTICA | 5ª temporada de “This is Us” traz pandemia, black lives matter e se aproxima cada vez mais do futuro do Big Three

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Desde 2016, “This is Us” vem trazendo debates extremamente pontuais em uma trama dramática, comovente e pra lá de intensa. Agora, se aproximando da sua temporada final, a trama tende a se concentrar mais em resolver significantes atritos entre os personagens principais e se aproximar cada vez mais do temido futuro que vem alimentando há várias temporadas (preparem os lencinhos!).

A 5ª temporada focou inicialmente na tentativa de resolver as questões entre os irmãos Kevin (Justin Hartley) e Randall Pearson (Sterling K. Brown) após a grande briga no fim da 4ª temporada. No entanto, trazendo sub tramas presentes no momento atual que estamos vivendo, logo, sendo mais atual do que suas antecessoras. 

Dentro da história pessoal de cada irmão, ou membro da família, a série os inseriu em eventos reais e que estiveram presentes fortemente em 2020 (e infelizmente ainda hoje em dia) como a pandemia, ocasionada pelo COVID-19 e também as manifestações Black Lives Matter, que abordavam o racismo e a violência policial, principalmente nos Estados Unidos. 

O grande destaque se dá em como a narrativa utilizou os eventos para inserir tramas pessoais dentro do desenvolvimento dos personagens, principalmente do Randall, que teve um arco de revelação fortemente abordado nessa temporada. O personagem, que é o irmão negro do trio, se vê extremamente atingido com os eventos que deram o estopim aos protestos e acaba encontrando o momento ideal para externar toda dor de ser o único negro em uma família de brancos, todo preconceito que sentiu na pele durante seu crescimento, toda dor que guardou para si, e, principalmente, todo conflito interno entre gratidão e sofrimento que sofreu por viver numa família tão amorosa, mas que geralmente não sentia que pertencesse a ela.  

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Vale mencionar que o Randall está sendo um dos personagens mais bem aproveitados da série nas últimas temporadas, inclusive o episódio em busca de sua mãe biológica foi um dos melhores da temporada, recheado de surpresa, tristeza, riqueza na construção de personagens novos ao enredo e muita dor e aprendizado em sua vivência. Além disso, o personagem é o grande responsável por levantar a bandeira da importância de terapia na vida do ser humano.

Por outro lado temos Kate (Chrissy Metz) que lidou, somente nesta temporada, com grandes mudanças em sua família, como um novo emprego, novo filho e uma separação à espreita, atiçada por a visão do futuro nos minutos finais do episódio final. Creio que este ciclo da história resume a Kate como um ciclo de mudança, tanto na sua vida profissional quanto na pessoal, a narrativa desenvolveu como se preparasse os fãs para um futuro diferente do que esperávamos para Kate. Sim, talvez Kate e Toby realmente se divorciem na temporada final de “This is Us“. Todavia, a forma como os roteiristas tem inserido pequenos elementos há pelo menos 2 temporadas faz com que não estranhemos tanto o novo rumo da personagem, pelo ao contrário, acaba se tornando mais compreensível. É claro, isso se nossas teorias estiverem certas, sabemos que os roteiristas amam nos enganar e nos surpreender, afinal, quem lembra de quando achávamos que Beth e Randall estavam separados no futuro?

Por fim, temos Kevin, que nesta temporada foi responsável pelo arco “mais leve” do trio. Após lidar com uma temporada intensa demais para o seu personagem, na 4ª, com todo arco do seu tio e seu vício, agora o personagem serviu mais como um apoio para outras histórias, como a de Randall e Madison (Caitlin Thompson). Vemos o personagem mais maduro, mais aberto a diálogo e mais compreensivo. Há realmente um desenvolvimento visível em Kevin e vemos isso ser posto em prática na 5ª temporada. A não ser pela sua obsessão em ser uma nova versão de seu falecido pai e ter uma família perfeita como ele se lembra da sua infância. 

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Nas histórias em paralelo, duas merecem destaque. A primeira é a de Madison, que mostrou um dos maiores desenvolvimentos e evolução de personagens secundários da série. Apesar de ainda não sabermos muito sobre ela, não no nível que sabemos dos personagens principais, a 5ª temporada foi responsável por apresentar um pouco do seu passado em sincronia com a evolução e amadurecimento do seu presente. Caitlin mostrou ser capaz de lidar com uma personagem complexa e fora dos temas já abordados pelo big three, e ainda assim valorizando o grande pilar da série: a família. 

Em contra parte, vale destacar também como a série introduziu o amadurecimento de Tess (Eris Baker), a primogênita de Randall. A personagem foi a responsável por introduzir pautas mais modernas e presentes na vida dos jovens de hoje em dia. Isso fez com que a temporada se consagrasse a mais pontual de todas, além dos temas já citados, ela traz a história debates a cerca de questões de gênero e sexualidade, de uma forma muito respeitada e crível, já que por mais que todos sejam receptivos ainda há personagens que tem certa dificuldade de assimilar um fato divergente do que foi gerado por sua expectativa. 

Em suma, a 5ª temporada de “This is Us” foi assertiva e pontual em todo debate que trouxe à tona, todas pautas que se propuseram a abordar foram exploradas de forma clara ao público. Dos mais engajados aos desatentos, a temporada foi responsável por ser um canal de conversa mais amplo, atingindo o público geral pautas que podem ser mais debatidas em suas respectivas bolhas, transformando assim o tópico mais acessível e facilmente compreendido, sem usar ferramentas na narrativa que enrolem ou enganem o público de maneira tendenciosa.

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A temporada está concorrendo em 3 categorias no Emmy 2021, incluindo a categoria de Melhor Série Dramática. Você pode assistir todas as 5 temporadas no Star+ ou Amazon Prime. A última temporada da série será lançada em 2022.

Nota: 5/5

Autor do Post:

Ludmilla Maia

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25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.

Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.

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