CRÍTICA | “A Mulher na Janela” é uma ótima adaptação revestido de referências aos clássicos do cinema

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Depois de ter sido adiado duas vezes e ficado a esmo sem saber por onde e quando seria exibido, “A Mulher na Janela” finalmente estreou hoje (14) na Netflix, e ainda que tenha reunido uma chuva de crítica negativa, não há de negar que é uma adaptação bastante fiel do livro de A. J. Finn.

Estrelado por Amy Adams e dirigido por Joe Wright, o filme conta com grandes estrelas como Gary Oldman, Anthony Mackie, Wyatt Russel e Julianne Moore. Além de Brian Tyree Henry, Jennifer Jason Leigh e Fred Hechinger.

Como o livro, o filme conta a história de  Anna Fox (Amy Adams), uma psicóloga infantil que sofre de agorafobia, um tipo de transtorno de ansiedade que faz ela viver reclusa no seu apartamento assistindo a filmes antigos e observando seus vizinhos. Quando a família Russell se muda para o prédio da frente, ela passa a espionar o que seria a família perfeita, até testemunhar uma possível cena de assassinato.

Desde do anuncio de que esse filme iria realmente acontecer, lá em 2019, muitas comparações foram feitas, do tipo: “Estão fazendo um remake de Janela Indiscreta ou O Corpo que Cai?” E por mais plausível que seja, e válidas, o filme vai além do observar um homicídio da janela ao lado. 

Apesar disso, o filme e o livro usam e abusam de referência aos filmes antigos, principalmente os dirigidos por Alfred Hitchcock. Além da menção e de breves cenas reproduzidas em momentos intensos do filme, a direção e os closes do longa por muitas vezes remetem aos suspenses em preto e branco pelo qual a protagonista é fã. É possível fazer um paralelo e encontrar diversas inspirações, e talvez, como no livro, este foi o modo do diretor enfatizar que a história remete sim as obras que são comparados a ela, e não há problema nisso.

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No entanto, como já disse, o filme vai além disso. O foco é a cruz que a protagonista carrega há quase um ano, enclausurada em uma casa escura devendo encarar sua agorafobia e seu alcoolismo. Amy Adams passa com perfeição toda sensação agonizante, o peso do trauma, a confusão, a incerteza, o pânico e o desespero que sua personagem transpira. Ainda que o enredo do filme tenha sido (muito) mais apressado que a sua versão literária, Amy conseguiu expressar com certeza todo sentimento ensurdecedor descrito no livro, principalmente o questionamento quanto a sua sanidade. 

O filme não precisa explicar o que é a doença porque Adams consegue mostrar o que ela faz com o ser humano com exatidão. Ouso dizer que seu protagonismo é o grande responsável pela melhor parte deste filme. Juntamente com a forma como seu passado a atormenta, observando fragmentos a todo momento até que enfim a verdade seja revelada em uma cena bem teatral (e bonita).

Como alguém que leu a obra antes de assistir ao filme posso confirmar que “A Mulher na Janela” é uma boa adaptação, ele não segue o ritmo arrastado do livro, mas é fiel aos pontos importantes que a obra expõe. Há mudanças, é claro, mas todas são condizentes com o caminho que a trama toma. Porém, não poderia dizer que tudo são flores, e não digo em relação de personagens que ficaram de fora, como a Bina ou os membros do Ágora (rede social de pessoas com a mesma doença que a protagonista). 

No próximo parágrafo pode conter spoiler

Uma das coisas que mais salta aos olhos e incomoda é como Ethan foi retratado através do ator Fred Hechinger. Sua forma infantilizada, logo no início, é um grande alerta para o seu personagem, coloca um alvo de suspeito bem grande em sua testa e quebra um pouco o clima do suspense de quem é o verdadeiro “vilão” da história. A grande magia do livro é você duvidar de tudo e todos, até mesmo da protagonista, porém com a personalidade infantilizada de Ethan ele se tornou um suspeito com muito mais facilidade do que nos livros. 

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Isso também se estende a sua revelação final. Não vou nem citar o quão sem sentido foi ter saído da boca de David com uma explicação preguiçosa. 

Anticlimático é a palavra mais adequada para a grande revelação do filme. Depois do diretor mostrar que sabe criar um suspense gradativo, ele joga tudo no ralo com uma súbita aparição em conjunto com a atuação nada convincente de Hechinger, que era para viver um sociopata e dando uma nova e diferente faceta ao bom moço que se apresentou nas horas anteriores. Além da aparição horrível, a falta de contraste se dá ao fato da sua infantilização que ficou um tanto que caricata.

fim do spoiler

Posso concluir que “A Mulher na Janela” é realmente um filme bom e não merece ser taxado como um filme decepcionante. Apesar dos seus tropeços, consegue entregar um bom suspense, com ótimas reviravoltas e uma atuação brilhante de Amy Adams, fazendo jus a sua obra literária.

“A Mulher na Janela” está disponível na Netflix.

Nota: 4,1/5

Autor do Post:

Ludmilla Maia

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25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.

Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.

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