“Daqui pra Baixo” e a experiência do luto

Um livro rápido, de leitura fluida, em forma de poesia. Assim é “Daqui pra Baixo”, do autor Jason Reynolds, distribuído no Brasil pela editora Intrínseca. Mesmo com mais de 300 páginas, é uma obra que você consegue ler, absorver e sentir o impacto em uma leitura de um dia. Assim como eu fiz.

A obra começa com o assassinato de Shawn, irmão mais velho do protagonista William. A partir desse fato, o personagem, que tem cerca de 15 anos, vai passando por toda a experiência do luto e pelas regras impostas pela sociedade na qual está inserido. Elas são: não chore, não dedure e se vingue. Movido por essas regras, a história acontece.

Quase todo o livro é narrado dentro de um elevador, com paradas rápidas em cada andar. Em cada uma dessas paradas, um reencontro com pessoas que fizeram/fazem parte da vida de William. Lembranças e vivências com cada um destes personagens é colocado sob os holofotes, o que traz aprendizados.

Acho que a metáfora dos andares/elevador/prédio é simplesmente linda. “Daqui pra Baixo” é um nome simplesmente perfeito para narrar toda a experiência do luto pela qual William está passando e como ele é afetado por essas regras impostas.

Inclusive, tudo isso culmina num final belíssimo. Não entrarei em detalhes para evitar spoilers, mas a última página é simplesmente perfeita. As duas últimas palavras, escritas em destaque, faz com que a finalização da história se torne arrebatadora. Todas as regras as quais William conhece sendo colocadas à prova.

Me senti completamente envolvido com “Daqui pra Baixo”. A cada capítulo era uma nova reflexão, um aprofundamento na história, um pouco mais de vivência no mundo no qual alguns de nós estão inseridos. Recomendo fortemente a leitura da obra. Vale a pena.