CRÍTICA | “A Festa de Formatura” tem um otimismo muito bem-vindo

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Obs. inicial: após escrever este texto, pesquisei um pouco mais sobre o filme. Vi que tem raízes reais, além de ser baseado no musical da Broadway “The Prom”, como diz na sinopse, e tudo o mais. Porém, este texto terá como única referência o filme “A Festa de Formatura”, do diretor Ryan Murphy, disponível na Netflix. Dito isso, vamos em frente.

Primeiramente, para ambientar. O filme narra a história de Emma, uma estudante do ensino médio que enfrenta problemas para simplesmente levar a sua namorada à festa de formatura do colégio. Isso porque, a cidade na qual o filme se passa, que fica no estado de Indiana, aparentemente é extremamente homofóbica. Devido a isso, com a influência da associação dos pais, o baile é cancelado. Dois atores e duas atrizes da Broadway, que estão em decadência, veem no caso uma oportunidade de “limpar a imagem”, tentando ajudar Emma a dar a volta por cima.

A Festa de Formatura” é de um otimismo extremamente necessário e bem-vindo nos dias pelos quais estamos passando. Inclusive, uma das coisas que eu mais gostei da produção foi esse timing correto. E digo isso baseado em vários acontecimentos.

É uma produção clichê. Esse é o primeiro ponto. No entanto, ela não se coloca como uma inovação. E está tudo bem. Filmes clichês e previsíveis têm muito o seu valor. Desde o primeiro ato, você tem a certeza absoluta do local para o qual a produção está se dirigindo. Mas isso não diminui em nada a experiência cinematográfica de assisti-la.

Até por isso o título deste texto. Ainda estamos passando por um momento pandêmico, no qual centenas de milhares de pessoas – apenas no Brasil – já perderam a vida. Um filme clichê, previsível, otimista e gostoso tem muito o seu valor neste momento, principalmente pela forma que as coisas se desenvolvem.

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Além disso, outro ponto positivo para este filme receber holofotes em um momento tão crítico é devido à desvalorização da cultura e dos profissionais desta área na nossa realidade. A produção vai na contramão disso, demonstrando as dificuldades que estes profissionais enfrentam, até mesmo em busca de reconhecimento, e a importância que eles e a cultura têm, desde o papel da subversão até o entretenimento.

Apesar disso, o ritmo do filme é descompassado. Não tem uma regularidade clara. Por mais que haja uma ascensão, uma evolução, do meio para o fim da produção, também há muitos altos e baixos. Isso atrapalha um pouco na hora do espectador se ambientar com “A Festa de Formatura”, mas a qualidade dos atores e a simplicidade do roteiro consegue balancear essa questão.

Outra questão, é que fica evidente o dedo de Ryan Murphy no filme, principalmente para quem assistiu Glee. O diretor deixa a sua marca em todo o lugar. Não digo isso apenas baseado em ser um musical que se passa em um colégio, mas toda a ambientação otimista e, até mesmo, a caracterização dos personagens (juro, tem uma personagem que me lembrou MUITO a Rachel Berry, de Glee, justamente pela sua caracterização). Isso, obviamente, não é um problema, apenas deixa ainda mais claro que é a principal característica do diretor em suas produções.

Obviamente, há músicas que eu gostei mais do que outras. No entanto, em uma opinião particular, também há um crescimento neste sentido a partir da música “Love Thy Neighbor”, a qual deixarei o vídeo logo abaixo. No entanto, não assista caso queira evitar spoiler. O motivo para apontar esta música é simples: é um dos principais pontos de virada da produção, além da canção basicamente atacar parte do coração de todo o problema.

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Inclusive, aproveitando a deixa do momento, que grata surpresa foi a atuação e todo o carisma do Andrew Rannells. Obviamente que, em um primeiro momento, meus olhos estavam voltados para Meryl Streep e Nicole Kidman, mas me atrevo a dizer que Rannells soube roubar a cena em mais de uma oportunidade – não que seus companheiros e suas companheiras tenham tido atuações ruins, muito pelo contrário.

Como dito mais acima, o filme cai em muitos clichês e previsibilidades, desde a vilã da produção até o plot. Isso porque, era evidente como as coisas se desenvolveriam. Conforme dito na sinopse, o grupo de artistas rumou até Indiana para ajudar uma menina lésbica e, em contrapartida, limpar a imagem de egocêntricos. Obviamente que essa “troca de favores” unilateral pega mal quando é descoberta. Então, tentem adivinhar o plot… Acertou quem apostou no clichê. É ruim? Não. É inovador? Também não. Precisava ser? De forma nenhuma.

No entanto, o bacana nisso tudo também é mostrar que há mais de uma forma de se lutar em prol de um ideal – neste caso, a derrubada da homofobia e a aceitação do amor. Há pessoas que optam por protestos em massa, enquanto outros apostam em ações isoladas. Outros buscam os holofotes para chamar a atenção, enquanto outros protestam fazendo o mínimo barulho. 

Eu poderia continuar me estendendo aqui neste texto, mas não mais o farei. Minha dica é: assistam à “A Festa de Formatura”. É divertido, é gostoso, é simples, conta com excelentes atores, boas músicas e é um grande passatempo. Fala sobre o amor, sobre a importância da valorização da cultura, sobre a necessidade de combate à homofobia, sobre a subversão da Arte frente a “valores” (sim, entre aspas) já ultrapassados. Não é o melhor musical ao qual vão assistir, mas não há nada de errado com isso.

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Trailer:

 

Nota: 4,3/5

Autor do Post:

Henrique Schmidt

editor

O louco dos livros, filmes, séries e animes. Talvez geek, talvez nerd, talvez preguiçoso, mas com certeza jornalista

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