Que em todos os gêneros de filmes existem estereótipos de mulheres de todos os jeitos, nós já sabemos. Desde o mulherão que é sádica e não mede esforços para conseguir o que quer, até a garota maníaca sonhadora que é superficial, nunca cresce e seu papel é ajudar no desenvolvimento do seu parceiro.
Nos filmes do gênero terror não é diferente. Conhecemos bem o estereótipo da garota promíscua que ninguém sabe da história além disso e com certeza vai morrer, e da santinha doce e virgem que vai sobreviver.
Esse tropo narrativo é chamado de final girl, que se refere à última mulher viva que enfrentará e vencerá o assassino e será a única pessoa restante para contar a história. O subgênero slasher fez questão de nos mostrar isso em filmes lá na década de 1070.
A primeira final girl foi Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) em Halloween (1978), a garota virgem zoada por sua inexperiência sexual que enfrenta o Michael Meyers e é a única sobrevivente no final do filme.
Logo depois, em 1980, temos Alice (Adrienne King) de em Sexta-Feira 13, que é quem luta com a com a Sra. Voorhees (Betsy Palmer), a decapita com um facão e sobrevive no final desse acampamento maldito em Crystal Lake.
Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) emHalloween (1978).
Esse termo foi criado pela professora de estudos de cinema, de linguagem retórica e mitologia escandinava na Universidade da Califórnia em Berkeley, Carol J. Clover em seu livro Homens, Mulheres e Motosserras: Gênero no Filme de Terror Moderno, laçado em 1992. Nele, Clover diz que, como na maioria dos filmes slasher o público é masculino, a identificação deles com o assassino é muito mais fácil, mas como a final girl tem uma virada e usa um trunfo para matar o vilão ou fugir, a torcida muda para ela no final. Nessa ação, é como se a garota fosse masculinizada e isso faz com que os homens se identifiquem com ela também.
Hoje, mais de 40 anos depois da apresentação desse tropo narrativo lá em Halloween (1978), já sabemos que nos filmes de terror existem algumas regras e uma delas é não fazer sexo, pois vemos que quem transa são os primeiros mortos pelos assassinos e monstros. Essas regras começaram a ficar batidas e as final girls começaram a mudar.
É aí que temos a grande mudança com Pânico (1996), onde a nossa final girl Sidney Prescott (Neve Campbell) é completamente o contrário do estereótipo criado da mocinha virgem, doce e inocente que será a sobrevivente. Sidney é a principal vítima em todos os quatro filmes da franquia, onde o objetivo do assassino é justamente puni-la ou matá-la. Logo no primeiro filme, o assassino é o próprio namorado de Sidney, com quem ela tinha relações sexuais. E, como uma boa final girl, ela investiga e mata o assassino no final e vence.
Sidney Prescott (Neve Campbell) emPânico (1996).
Por último, um exemplo de final girl que não é em um filme slasher. Em O Homem invisível (2020), vemos Cecília Kass (Elisabeth Moss) fugindo do seu ex-namorado abusivo. Depois do sucesso da fuga de Cecília, Adrian (Oliver Jackson-Cohen) forja o próprio suicídio e passa a usar a tecnologia do traje invisível que ele criou para infernizar a vida dela. Como ninguém acreditou em Cecília, ela decide por conta própria lidar com a situação. Então ela planeja, finge e, numa grande cartada final, ela usa a arma de Adrian contra ele e o mata no final, pois essa seria a única maneira ela ter paz, já que ele nunca a deixaria em paz. Ela assassina o psicopata que trazia risco para sua vida e isso também faz dela uma final girl.
Cecília Kass (ElisabethMoss) emO Homem invisível (2020).
E aí, qual a sua final girl favorita? A minha é a Laurie fodona do Halloween de 2018.