Eu Me Importo (I Care A Lot) é um filme estadunidense de drama, humor e suspense que estreou no Festival de Cinema de Toronto em 2020 e distribuído pela Netflix desde 19 de fevereiro de 2021.
O filme é escrito e dirigido por J Blakeson (A 5ª Onda, 2016) e estrelado por Rosamund Pike (Garota Exemplar, 2014), Peter Dinklage (Game Of Thrones (2011-2019), Eiza González (Baby Driver, 2017) e Dianne Wiest (Edward mãos-de-tesoura, 1990).
Esta crítica pode conter spoilers do enredo.
Eu Me Importo conta a história de Marla Grayson (Rosamund Pike), uma mulher que ganha a vida dando golpe em idosos, enganando juízes para que ela seja designada como a tutora legal desses idosos, o que lhe dá total aceso às posses dos seus tutorados. Tudo vai bem com a sua empresa, Marla possui uma equipe especializada para depenar seus “clientes” e conta com a ajuda de médicos geriatras e até diretores de casa de repouso para conseguir os laudos que forem necessários para conseguir o que ela quer.
Rosamund Pike como Marla. Foto Reprodução:Netflix, 2021.
Tudo vai bem para Marla e sua namorada Fran (Eiza González), que também faz parte dos golpes, até que a sua nova vítima, uma adorável senhora chamada Jennifer Peterson (Dianne Wiest), não é bem quem elas pensavam que fosse e suas vidas se tornam um verdadeiro inferno.
Falando no casal Marla e Fran, que coisa boa é ver um casal de lésbicas sem uma história trágica por não poderem ficar juntas e isso virar um grande drama. Chega do clichê de casal LGBTQIA+ que só tem sofrimento! Às vezes tudo o que queremos é um casal lésbico maravilhoso dando golpes por aí e sendo felizes.
Rosamund Pike,Eiza González eDianne Wiest. Foto Reprodução:Netflix, 2021.
O filme consegue manter a sensação de suspense durante quase toda a sua duração. Marla é uma mulher forte que realmente não tem medo de nada, que vai até as últimas consequências para conseguir o que ela quer. Mesmo ela sendo uma vilã que dá golpe em pessoas vulneráveis em benefício próprio, ela é a protagonista e sempre que as coisas ficam tensas, tememos por sua vida e até torcemos pra ela dar a volta por cima.
A trilha sonora do filme é bem colocada, garantindo a tensão nos momentos certos, a fotografia então, nem se fala.
Quanto às atuações, o elenco inteiro dá um show com o que tem nas mãos e a estrela do filme, obviamente, é a Rosamund, com mais uma atuação magnífica que lhe rendeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia ou Musical em 2021. Ela consegue nos fazer odiar e amar a Marla apenas com um olhar. Ela é engraçada quando deve ser, demonstra a força e a raiva, o amor, tudo na medida certa. Nem a Amy Exemplar, outra personagem icônica de Rosamund Pike, é tão fria e calculista quanto a Marla Grayson.
O único pecado do filme inteiro é que a Marla sozinha desarticulou um mafioso russo que estava há anos fingindo de morto, um homem super poderoso interpretado pelo Peter Dinklage. Sozinha a Marla sobrevive à sua tentativa de assassinato, salva sua namorada, das duas vão atrás do seu plano de vingança e acabam colocando o mafioso num hospital e a Marla se torna sua cuidadora. Nisso, o mafioso fica tão encantado com a maneira como ela age, que a propõe sociedade para que ela expanda seus negócios em todo o território nacional e ele possa lavar o dinheiro do tráfico de drogas normalmente. E é óbvio que ela topa.
Peter Dinklage eRosamund Pike. Foto Reprodução:
No fim, Marla se torna muito rica e é convidada a vários programas de TV para contar como enriqueceu. Ela, obviamente, mente. Diz que é tudo por gostar muito de cuidar das pessoas, por que ela se importa. Depois disso, ela é assassinada por um cara que era filho de uma de suas vítimas, que não conseguiu ver a mãe nem no leito de morte porque a Marla tomou sua tutela e a internou em um asilo.
As situações da proposta de sociedade e o assassinato são possíveis de prever assim que acontece o confronto entre Marla e esses homens, e isso até estraga um pouco a experiência o filme, mas nada muito significante, não deixa de ser um bom filme, ainda te faz rir e sentir tensão nos momentos certos.
NOTA: 3,8/5