“Uma Teoria Provisória do Amor” poderia ser melhor

Siga e Compartilhe:

“Uma Teoria Provisória do Amor”, do autor Scott Hutchins, distribuído no Brasil pela editora Companhia das Letras, foi um livro que me atraiu pelo nome. Me chamou a atenção, sinceramente. Assim como também gostei da simplicidade da capa. Porém, mesmo tendo gostado desses componentes, e até mesmo da história, sinto que ele poderia ser melhor.

É um livro bem escrito. Hutchins domina bem a história e sabe o que escrever. No entanto, apesar dele não ser um livro longo, ele se torna longo ao se prender em assuntos de menor importância. Por mais que tenha sido importante um tempo para desenvolver o personagem e retirá-lo do emaranhado de confusão mental no qual ele se encontra, passa-se uma impressão de inconstância.

É uma boa obra. Não me entendam mal. É divertida e até gostosa de ler. Fiquei curioso com o final, com como as coisas iam se desenrolar, e estava louco para terminar a leitura. Mas, ao mesmo tempo em que eu lia, eu tinha o sentimento de que poderia ter sido escrito de outra forma, feito de uma maneira diferente, mais interessante.

Acho que, até mesmo, pela confusão mental do protagonista sobre todos os acontecimentos da sua vida – recentes ou não -, eu esperava mais. Sempre que o personagem ia desenvolvendo e expandindo o seu pensamento, eu criava uma nova esperança do livro ficar melhor.

De fato, o último ato da obra é muito bom, pois chega-se ao local no qual o autor e o protagonista trabalharam o livro todo para chegar. No entanto, passa-se a impressão que o caminho foi mais longo do que deveria, mais tortuoso do que o comum, para chegar até aquele ponto.

READ  FILMES | Sydney Sweeney é confirmada no elenco de Madame Teia

Claro que isso permite um paralelo ainda mais próximo com a vida real, visto que, por vezes, entramos em caminhos complicados e nos vemos envolvidos em uma teia mental de confusão que nós mesmos criamos. Ainda assim, a forma com a qual este caminho foi narrado me pareceu estranho – o que, não necessariamente, é ruim.

Acredito que um dos maiores pontos fracos do livro é a personalidade dos personagens. Tirando o protagonista e os “coadjuvantes diretos”, os outros pareceram apenas muletas, que, apesar de agregarem um pouco à história, parece que surgiram apenas para este fim, sem que se tornassem, de fato, pessoas reais.

Já os principais pontos altos é a demonstração da vida, como encaramos o amor e as relações que temos em nossa volta, além de mostrar como a vida é temporária. O que temos, o que está em nosso entorno, o que somos, como somos, é tudo temporário. E não há nada de errado com isso. Há, pelo menos, duas passagens claras justamente sobre isso:

“Sou apenas uma pessoa suspensa numa série de quartos alugados, numa cidade de não mais que doze quilômetros por doze. Longe do lugar onde nasci. Longe dos planos do meu pai para mim. Sou uma pessoa temporária. Mas ele, evidentemente, também era”. 

[…]

“A gente tem certo receio de se inserir no mundo, o receio de se enganar, o receio de que na confusão de nossa vida acabemos por tomar uma decisão errada, trazendo consequências nefastas para todos os envolvidos. Mas se posso tirar alguma lição de meu pai é que você pode dedicar toda a sua vida a não cometer erros e mesmo assim se enganar”.

READ  TRI CULT | “Um Clarão nas Trevas” e a aula sobre como criar tensão em um único ambiente

Concluindo, “Uma Teoria Provisória do Amor” é um bom livro. Conta com falhas, claro, afinal era o romance de estreia do autor Scott Hutchins, mas é bem escrito e tem potencial.

Autor do Post:

Henrique Schmidt

O louco dos livros, filmes, séries e animes. Talvez geek, talvez nerd, talvez preguiçoso, mas com certeza jornalista

Rate article
Tribernna