CRÍTICA | ‘DISCO’: Kylie Minogue entrega o álbum disco do ano

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Um dos discos pop mais aguardados do ano, Disco finalmente foi lançado na última sexta-feira (06). Com uma pitada de volta às origens e à sonoridade clássica de Kylie Minogue e outra de reinvenção do gênero disco em pleno 2020, o trabalho é uma celebração e uma volta no tempo completamente coesa. Diferente do último álbum Golden (2018), por exemplo, que possuía uma sonoridade country, mas ainda elementos dance e pop, Disco se entrega por completo e é sincero: é todo e puramente disco, do começo ao fim, em cada música e cada timbre. Um trabalho para ser celebrado e curtido. Interessante como a canção “New York City“, lançada ano passado, já deixava os indícios do que viria logo a seguir.

A presença de graves e bastante baixo marcam várias canções além de deliciosos riffs de guitarra como em “Real Groove“, “Where does the DJ Go?” e “Till you Love Somebody“. Além disso, há uma orquestração em “I Love It” que te lança de volta ao melhor dos anos 70/80. O certeiro primeiro single “Say Something” permanece como uma excelente escolha, já que transmite com perfeição toda a vibe do álbum e se consolida como uma das melhores, com uma produção arrojada que aposta nos vocais de Kylie, sintetizadores, guitarra e baixo. Em “Dance Floor Darling“, a ponte final pré-refrão simplesmente acelera a velocidade da canção, muda o compasso, trazendo um efeito de progressão curioso e muito interessante. É uma das melhores do trabalho também.

Além das referências que podem surgir na sua cabeça, como Donna Summer, ABBA ou Daft Punk, não podemos esquecer a grande influência de Kylie: ela mesma. Há muitos elementos do seu primeiro disco, Kylie (1988) aqui, trazendo de volta um pouco do álbum que revelou a cantora e hits como “I Should Be So Lucky” e “The Loco-Motion“. Kylie mais do que marcar toda uma geração, nasceu em meio ao disco.

Uma das funções mais básicas de toda e qualquer arte para muitas pessoas pode ser a de impactar a sua vida e te levar a lugares novos, diferentes, ou já conhecidos. Disco faz isso com maestria e perfeição. Desde o primeiro minuto o trabalho captura você e instantaneamente te leva a uma discoteca. Impossível ouvir sem balançar nem que seja o dedo mindinho do pé. Potente. Um trabalho extremamente feliz, pena que em um momento tão difícil, merece uma turnê.

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Disco é recheado de melodias, timbres e tem o DNA de uma cantora que não está apenas emulando tudo o que o gênero foi, mas que conhece este ritmo profundamente porque viveu e literalmente se consagrou nele. Disco é absolutamente óbvio e cumpre com a promessa de seu título, se revelando como um dos melhores do gênero. Kylie está confortável e mais uma vez imprime sua personalidade num trabalho que já é o seu melhor em dez anos e que possui inúmeras diferenças ao seu último, o ótimo pseudocountry Golden (2018).

Produzido em meio a pandemia de Covid-19 de forma remota e em lockdown (Kylie não se reuniu nem conheceu pessoalmente boa parte dos produtores e fez a engenharia de gravação na sua casa), o álbum possui até um inesperado “quase” sample de “Chained to the Rhythm“, da Katy Perry, em “Magic“. As letras não são nada diferentes do que a australiana já costuma fazer. Ainda falam sobre amor e cair na pista de dança. A voz doce de Kylie brilha em meio à discoteca e sofre algumas modificações digitais em algumas canções bem anos 70/80. O álbum progride bem, explode no meio, mas mantém o ritmo até o final e rende bem.

Um trabalho muito bem executado. Dos sintetizadores à voz. Sem nada mais a provar e já consolidada há anos Kylie Minogue nos presenteia com o álbum disco do ano (até porquê é o único lançado por uma cantora pop inteiramente dentro do gênero, chegando a ser chamado de “datado” por uns poucos) e mostra o porquê de uma carreira tão estável, consolidada e repleta de hits: a sua incansável vontade de fazer trabalhos de qualidade e buscar elementos novos, mesmo que esses elementos sejam um retorno ao seu início de carreira. Disco celebra o gênero como poucos outros álbuns conseguiram e rejuvenesce o ritmo aos mais jovens. Contemporâneo e completo, é um convite a cair nas pistas de dança porquê a música, assim como todo e qualquer trabalho de Kylie Minogue, não envelhece e fica ultrapassada nunca. “Strike a pose”, como ela referencia em “Fine Wine“. Ela não erra nunca: ponto para Kylie. Mais um.

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Disco está disponível em todas as plataformas digitais.

Nota: 4/5

Autor do Post:

Paulo Rossi

https://Instagram.com/eipaulorossi

Um sonhador. Às vezes idealista, geralmente pessimista e sempre por aí metido num bocado de coisas. Apaixonado por audiovisual, cearense com baita orgulho e um questionador nato com vontade de gritar ao mundo tudo que acredita.

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