Apesar de os monstros ficcionais mais fantasiosos ainda fazerem sucesso assustando e horrorizando os espectadores em telas de cinema e TV, há ainda uma criatura que parece não ser tão lembrada em datas e mídias que remetam ao horror. Na maioria das vezes vistos como os “mocinhos” dos filmes, nem sempre os humanos são exclusivamente inocentes. Para o redator que vos fala, o ser humano consegue ser tão abominável e aterrorizante como qualquer outra criatura mitológica, principalmente pelo fato de que nós existimos (rs).
Nesta continuação da lista de indicações que publiquei 1 semana atrás (para ler a parte I, basta clicar aqui), encontre mais produções que brincam com a face oculta e mais primitiva do ser humano. E sempre se questione: e se meu vizinho for o doido desse filme?
Pânico (1996)
Direção: Wes Craven (A Hora do Pesadelo)
Duração: 1 hora e 51 minutos
Disponível no TELECINE e NOW
Sinopse: após dois assassinatos acontecerem na pequena cidade de Woodsboro, Sidney Prescott (Neve Campbell) começa a notar ligações dos assassinatos atuais com o brutal homicídio de sua mãe, que aconteceu um ano atrás. Ao mesmo tempo, os jovens da pacata cidade (incluindo a Sidney) começam a receber ligações assustadoras de um maníaco que faz perguntas sobre filmes de terror. Quem erra as perguntas, perde o jogo e, consequentemente, a vida.
Talvez o rei dos clássicos slasher (aqueles filmes em que um assassino mata um monte de jovens) por sua fantástica e inovadora metalinguagem, Pânico fez história com seu lançamento e marcou (com afinco) sua marca no universo do terror. Sua inicial cena chocante com a Drew Barrymore deixou pessoas de boca aberta pelo mundo inteiro! Wes Craven ainda brinca com um humor “negro” em uma de suas maiores obras do cinema ao utilizar a metalinguagem de filmes de terror para compor um filme de terror enquanto jovens são assassinados aos poucos.
É um filme extremamente viciante, que ainda conta com a Courtney Cox (sim, a Monica Geller de Friends) e David Arquette. Descobrir quem é o assassino, suas motivações e, claro, (o mais importante) descobrir se você sobreviveria ao jogo de Ghostface te impedem de parar de ver o filme.
O universo de Scream ainda conta com 3 continuações, uma série de TV e um 5º filme programado para 2022 com o elenco original! Nenhum dos filmes é ruim (uma façanha impressionante, diga-se de passagem), exceto a série.
Halloween: a noite do terror (1978)
Direção: John Carpenter (O Enigma de Outro Mundo, Fuga de Nova York)
Duração: 1 hora e 42 minutos
Disponível na Amazon Prime Video, Looke e NetMovies
Sinopse: em seu filme de estreia, Jamie Lee Curtis interpreta Laurie Strode, uma adolescente (daquele jeito né, interpretada por uma adulta) que decide trabalhar como babá no Halloween (aah, então é daí que vem o nome do filme, né). Porém, neste fatídico dia, um psicopata chamado Michael Myers consegue fugir do manicômio em que estava internado havia 15 anos pelo assassinato de sua própria irmã. Ao fugir de lá, Michael decide voltar à sua cidade natal (Haddonfield), onde encontra Laurie e decide fazer dela (e suas amigos) o seu novo alvo.
O filme que elevou os nomes de Jamie Lee Curtis e John Carpenter para o estrelato, Halloween é o “pai” de todos os filmes de assassinos slasher que vieram depois dele: Sexta-Feira 13, Pânico, A Hora do Pesadelo e por aí vai. John foi o responsável por criar inúmeros clichês com sua obra-prima do terror, incluindo o do “quem transa, morre”. Além disso, ainda criou um dos maiores ícone do terror: o ser humano desprovido de humanidade impulsionado única e exclusivamente pelo desejo de matar, Michael Myers.
Esse filme teve 700 continuações, 4 reboots (quando os produtores decidem recomeçar a história do “zero”, pegando apenas o primeiro filme como a história inicial) e, dentre eles, um monte de filmes horríveis, filmes trash (aquele filmes propositalmente ou não ruins, tipo Sharknado) e filmes muito bons, inclusive.
Como recomendações para quem quiser ver a história, mas não se intoxicar com a radioatividade dos aspiradores de dinheiro de Hollywood, recomendo assistirem o 1, o 2, o Halloween H20, os dois filmes de Rob Zombie (que funcionam como um remake do primeiro e do segundo filme) e a nova trilogia que está saindo agora, que começou com Halloween (2018), a qual é uma continuação direta do original.
P.S.: infelizmente, o trailer não tem legenda. Mas o filme é genuinamente bom. Vai por mim, só assiste.
Uma Noite de Crime (2013)
Direção: James DeMonaco (continuações de Uma Noite de Crime, Skinwalkers)
Duração: 1 hora e 25 minutos
Disponível na Amazon Prime Video e Globo Play
Sinopse: em uma distopia futurista que se passa nos EUA (novidade), existe a Noite de Crime (purga): um período de 12 horas em que é permitido realizar quaisquer crimes sem quaisquer consequências para que a população estadunidense possa liberar seus impulsos mais primitivos e possa ter paz pelo resto do ano. Nesse contexto, acompanhamos a Noite de Crime da família de James Sandin (Ethan Hawke. Sim, aquele Ethan Hawke), quando o filho mais novo dele decide abrir as portas da sua casa para um mendigo que está sendo perseguido por psicopatas ricos. Com sua presa “protegida” pela família, James e Mary Sandin (Lena Headey. Sim, a Cersei de Game of Thrones) tentam proteger sua família a todo custo durante as 12 horas sem nenhum tipo de ajuda.
Esse talvez seja um dos filmes que mais fogem da temática do terror, porém, ainda assim é um ótimo filme de ação para entreter. A dinâmica da família tentando sobreviver enquanto jovens loucos (ora, ora, para que o jogo de O Massacre da Serra Elétrica virou hein) invadem e destroem sua casa é quaaaase inovadora. As cenas de ação são bem filmadas demais!
O contexto político-social da história também fornece uma reflexão interessante sobre a situação e o pensamento de algumas dos habitantes dos EUA. Além de tudo isso, Lena Headey em um filme de ação é tudo o que você precisa ver depois de vê-la como uma vilã fria e calculista em GoT.
Uma Noite de Crime conta com 3 continuações (nenhuma tão boa quanto o original, exceto, talvez, o 3º filme) e uma quarta para estrear em 2021. A Amazon Prime Video ainda criou uma série baseada no filme, que teve apenas 2 temporadas e envolveu o diretor do primeiro filme.
Jogo Perigoso (2017)
Direção: Mike Flanagan (Hush – A Morte Ouve, A Maldição da Residência Hill)
Duração: 1 hora e 43 minutos
Disponível na Netflix
Sinopse: tentando apimentar a vida sexual, o casal Gerald (Bruce Greenwood) e Jessie Burlingame (Carla Gugino) decide ir para um xalé isolado nas montanhas. Lá, Gerald decide brincar com a fantasia de algemar a esposa na cama. Porém, logo após algemá-la, Gerald sofre um ataque cardíaco e morre aos pés da cama. Jessie, então, fica presa ao quarto, tentando fugir dali como pode, enquanto lida com alucinações e traumas do passado.
Esse filme é tudo! A história é baseada em um conto do Stephen King e é super fiel à obra original. A atuação de Carla Gugino tá ESTUPENDA AO QUADRADO! Sua personagem é complexa e interessante demais!! Além disso, a direção de Mike Flanagan já tinha atingido um patamar incrível. Embora o filme não lide com assassinos ou psicopatas (cof, cof…, *limpando a garganta*), a obra em si aborda alguns temas super pesados vividos por pessoas normais (tipo seu vizinho, ou até mesmo alguém da sua família) e causados por pessoas “normais” (só assistindo pra entender).
Tem uma cena nesse filme que me deixou extremamente aflito e sem conseguir respirar por causa da maquiagem. Recomendo você ter um psicológico bem treinado, porque eu tô aqui me lembrando dela e já tá me dando um negócio ruim.
Os Estranhos (2008)
Direção: Bryan Bertino (The Monster)
Duração: 1 hora e 47 minutos
Disponível no HBO GO
Sinopse: Kristen (Liv Tyler) e James (Scott Speedman) vão para a casa de campo de família em busca de um fim de semana de paz e sossego. Porém, tudo muda quando 3 estranhos mascarados aparecem na propriedade para torturar e matar o casal.
Esse filme segue o estilo de Hush (citado na parte I dessa lista) e de Uma Noite de Crime (mas sem a crítica social), porém, com uma atmosfera muito mais agonizante. Eu fico todo caga** (pode falar palavrão aqui??) quando lembro das cenas com aqueles mascarados apáticos e em silêncio aterrorizando o casal apenas com sua presença imponente. O mais impressionante nesse filme, pra mim, é como conseguem assustar o espectador só com os psicopatas parados, em silêncio, lembrando-me bastante de Halloween: A Noite do Terror.
O casal é meio burro às vezes, mas o filme vale a pena!! A obra ainda teve uma sequência lançada 10 anos depois do original. Eu ainda não vi, então não posso julgar.
O Massacre da Serra Elétrica (1974)
Direção: Tobe Hooper (Poltergeist – O Fenômeno, O Massacre da Serra Elétrica 2)
Duração: 1 hora e 30 minutos
Disponível no Looke, NetMovies e Oldflix
Sinopse: Sally Hardesty (Marilyn Burns) e três amigos decidem visitar o avô de Sally no Texas após a jovem expressar preocupação com o avô quando notícias de profanações de cemitérios da região chegam até ela. Sem saber dos perigos que os cercam, os jovens entram na propriedade de uma família estranha com uma mobília e uma dieta extravagantes e orgânicas até demais.
Halloween pode ser o pai dos slasher movies dos anos 80, mas o verdadeiro precursor dos filmes de assassinos mascarados é O Massacre da Serra Elétrica; o qual, ironicamente, não possui serra elétrica em momento algum. A direção ousada de Tobe Hooper e o baixo orçamento liberado pela produtora deixaram esse clássico cult do terror uma das obras mais cruas e perturbadoras do cinema. Além disso, deu-nos o primeiro assassino de que se fantasiar: o Leatherface, o clássico “monstro” que carrega uma motosserra (“O Massacre da Motosserra” ainda seria um ótimo título) e veste uma máscara feita de pele humana, o qual foi inspirado no real serial killer Edward Gein, que também era canibal.
Esse filme teve 300 continuações, cada uma mais doida e trash que a outra. Um dos filmes (acho que o 4) tem até a Renée Zellweger e o Matthew McConaughey antes da fama… e dos Oscars. No geral, se você quiser continuar a história, eu recomendo o 2, o remake de 2003 (o qual abriu as portas para todos os outros remakes lançados em 2000. O Massacre da Serra Elétrica tá sempre à frente do seu tempo, não importa o tempo) e a prequel (uma história que se passa antes do original) de 2017 (é o pior dos melhores filmes).
O filme ainda foi barrado em 700 países e em todas as camadas da Deep Web pelo seu conteúdo gráfico. Outro filme que me deixa todo caga** (eu ainda não sei se pode falar palavrão aqui).
P.S.2: o trailer não tá dublado, mas é o que temos. Mas vá por mim: o filme é incrível!
Jogos Mortais (2004)
Direção: James Wan (Invocação do Mal, Aquaman)
Duração: 1 hora e 43 minutos
Disponível em lugar nenhum (é rojão, minha santa)
Sinopse: Adam Faulkner (Leigh Whannel, sim, o diretor de O Homem Invisível, que você pode ler nossa indicação dele aqui) e Lawrence Gordon (Cary Elwes) são dois homens que acordam acorrentados em um banheiro imundo. Aos poucos, os dois descobrem que estão jogando um jogo doentio proposto pelo assassino Jigsaw, o qual gosta de fazer suas vítimas refletirem sobre as próprias vidas enquanto participa de armadilhas perigosas. Para sobreviver, os dois terão que jogar conforme as regras e descobrir todas as pistas o quanto antes.
O primeiro trabalho de James Wan para o cinema, conseguido através de um curta que o mesmo lançou, é, também, seu filme mais chocante. O plot twist (o momento do filme que apresenta a revelação mais chocante da obra) desse filme marcou uma geração inteira, deixando todo mundo sem ar com o final muito bem pensado e surpreendente. A direção de James Wan já se mostrava bastante competente (apesar dos momentos de música alta e do filtro verde, mas era sucesso na época em que lançou, então a gente releva), e o terror aqui é mais no sentido de se por no lugar dos personagens e no horror gráfico. Além disso, esse foi o filme que nos deu o “último” assassino icônico do terror (Jigsaw) com direito a 8 continuações ruins e uma 9ª pra chegar.
Porém, se você quiser continuar a história (você vai querer, pode ter certeza; principalmente quando passar o choque inicial e demorado com o final do primeiro filme), eu recomendo apenas os 3 primeiros, e ainda assim já é uma queda muito grande na questão da qualidade. Os outros filmes perdem feio pra Chernobyl.
P.S.3: o trailer não tá legendado, mas pode confiar em mim: esse filme é ótimo do início ao fim!
Como menções honrosas, deixo aqui o Você é o Próximo (2011), que segue a pegada de Os Estranhos, mas sem o elemento terror; Sexta-Feira 13 (1980), que segue a pegada de Halloween (aliás, esse filme é quase um plágio descarado de Halloween: foi totalmente inspirado e feito pra ganhar dinheiro em cima do “pai dos slashers”); e, basicamente, todos os filmes slashesr dos anos 80. Eu não quis citar todos porque é quase uma trapaça, mas quando se fala em listas de terror, é necessário citar os clássicos, mesmo porque a maioria dos fãs de hoje em dia nunca viu as obras originais: viu apenas os remakes que, na maioria das vezes, são uma bos**.
Então é isto, até ano que vem. E lembre-se: fuja quando vir algum doido mascarado.
Autor do Post:
Matã Marcílio
https://instagram.com/mat_marcilio/
Um pré-fisioterapeuta nordestino que, perdido no mar das incertezas, fez das palavras seu refúgio. Um pouquinho mais de duas décadas de leitura e sedentarismo causado pelo prazer de deitar em frente a um espelho negro e observar toda a glória do homo sapiens ao escapar da realidade terrivelmente entediante. “Jojo Betzler. Hoje, só faça o que puder.”