CRÍTICA | “De Perto Ela Não É Normal” traz uma comédia identificável em uma jornada de autoconhecimento

Siga e Compartilhe:

Depois do cinema ganhar grandes adaptações vindo do teatro como Minha mãe é uma peça, de Paulo Gustavo, e Os homens são de Marte…, de Mônica Martelli, chegou a vez de Suzana Pires levar sua história para as telas do cinema nacional. 

“De Perto Ela Não É Normal” é baseado na peça de mesmo nome, o qual a Suzana faz no teatro um monólogo, porém no filme a atriz se restringiu a interpretar três personagens (Suzie, Neide e Tia Suely), o que faz sentido para a história já que além de parentes as três personagens estão ligadas com o enredo principal proposto. Acompanhando Pires no elenco está Angélica, Ivete Sangalo, Samantha Schmütz, Henri Castelli, Heloísa Perisse, Gaby Amarantos, Isak DaHora, Marcos Caruso e Ricardo Pereira.

O enredo principal do filme não gera dúvidas ao conversar diretamente (e com louvor) com um público definido e bastante conhecido/popular no Brasil mas constantemente mal representado nos cinemas: as mulheres (principalmente as de meia idade). Depois de “cumprir seu papel” como mãe (após ter as suas duas filhas saindo de casa), Suzie se vê em um cenário onde nunca imaginaria estar: infeliz. 

De pouquinho e pouquinho a protagonista consegue realizar metas pessoais que ela mesmo havia imposto em si, no entanto, nunca atingia a felicidade porque o outro (lê-se sociedade) sempre cobrava mais e mais. Está com um emprego estável e de sucesso? Mas e o namorado? E o corpo? Tem que malhar hein… Talvez essa seja a parte que foi melhor imposta e executada, porque ela consegue conversar com a realidade diretamente sem rodeios. Ainda que o humor utilizado para suavizar peque em seu excesso em algumas vezes.

Outro ponto que o filme tenta emplacar é o feminismo, sororidade e o emponderamento da mulher. Infelizmente a ideia do “feminismo” paira no ar, mas não consegue se estabilizar com a sutileza na história. Visto que, por muitas vezes as atitudes da protagonista não condiziam com o tópico desejado. É difícil querer acreditar que o filme seja uma obra feminista quando a protagonista depende emocionalmente a todo momento de homens em sua vida, fazendo com que todas suas transformações e reviravoltas sejam motivadas (diretamente ou indiretamente) por algum deles. Chega ser um pouco irônico e se isso foi parte da comédia, não funcionou ao fim.

READ  “Labirinto das Palavras” para possíveis escritores

A comédia em excesso, a falta de tato na verdade, atrapalha em outros tópicos extremamente necessários para serem debatidos. Como por exemplo, ao ser cobrada a ter o corpo perfeito a protagonista recorre a remédios para emagrecer e quando o assunto precisava ser debatido uma comédia pastelão entra em cena. No entanto, não é de todo ruim, o papel de Samantha Schmütz como a vendedora carioca é extremamente engraçado e nos proporciona um diálogo hilário.

No entanto, não há o que se falar sobre o emponderamento implementado na trama. É notório que a protagonista é uma mulher forte que se espelha em outras mulheres fortes. E felizmente o emponderamento não se restringe apenas à ela. Outras personagens como a advogada, a professora, a tia, as amigas mostram ser extremamente capazes e gigantes em suas personalidades.

As atuações por mais que caricatas condizem com o rumo que a trama decide tomar. Porém, é inegável que Suzana Pires rouba a cena com seu carisma e talento.

E é ela que protagoniza a melhor cena do filme, quando finalmente se liberta de um casamento amargo e infeliz dando um “tchau” no melhor estilo “tacando o foda-se” que existe. Literalmente o que qualquer um gostaria de fazer algum dia seja em qualquer âmbito da sua vida que esteja infeliz.

Ainda que a conclusão possa parecer apressada em sua superficialidade, a sua mensagem é bela. Depois de tanto buscar por algo que ela não sabia, ela retornou para onde tudo começou para enfim se encontrar realmente. Essa jornada de autoconhecimento é tão real (exceto pelas partes mais fantasiosas) que você consegue enxergar na protagonista alguma conhecida ou até você mesmo.

Ao fim, cheguei a conclusão que a história daria mais certo em um formato de série, principalmente por causa da sua variedade de personagens “gente como a gente”.

READ  FILMES | Presidente da PlayStation fala sobre mais filmes e série sobre seus jogos

‘De perto ela não é normal‘ chega hoje (29) nos cinemas brasileiros e no dia 05 de novembro estreia no Telecine, tanto na tv por assinatura quanto em seu serviço de streaming.

Nota: 3,6/5

Autor do Post:

Ludmilla Maia

Concurseira formada em Direito, estudante da U.A, protegida da Annalise Keating, cantora amadora dos New Directions, sobrevivente da ilha de Lost, parça do Bojack, e uma Amazona perdida que ouve KPOP e assiste muito drama asiático.

Rate article
Tribernna