Um livro extremamente cansativo. Acho que posso resumir assim a obra “O Circo dos Fantasmas”, da neozelandesa Barbara Ewing. Não me entendam mal, não é ruim. Porém, também não é bom e nem mesmo muito empolgante.
A leitura é extensa e cansativa. A principal característica da obra é a ambientação, e nisso Ewing tem muito sucesso. A autora dedica longas e incessantes páginas para descrever o clima daquela Nova York do século XIX, as gangues envolvidas, o ambiente, os trajes, os acontecimentos, o surgimento e fortalecimento daquela capital mundial do capitalismo.
Em vários momentos, eu fiquei mudando minha imaginação entre os filmes “Gangues de Nova York” (Martin Scorsese) e “O Rei do Show” (Michael Gracey). Até porque boa parte do livro se passa nas ruas de Nova York ou sob a tenda do circo. Então, acredito que esses dois filmes me ajudaram bastante na visualização (não que fosse necessário, visto a destreza de Ewing para ambientação, mas foram úteis).
Agora, fora a ambientação… A história é boa? É sim. Bem completa, bem redondinha e tudo mais. Porém é uma lentidão para ser desenvolvida que, nossa… O livro poderia facilmente ser bem menor. Até porque, apesar de todos os acontecimentos, não havia tanta coisa assim para acontecer.
Aparentemente, o livro tenta ser bem correto historicamente falando. Tanto que, no fim, há uma lista de obras as quais a autora prestou seus agradecimentos. Não vou afirmar que é correto, no contexto histórico, pois não tenho conhecimento sobre Nova York no século XIX. Mas tudo me pareceu bastante acertado e fez bastante sentido.
As únicas coisas que eu realmente fiquei curioso e dei uma pesquisada rápida foram as irmãs Fox e sua relação com o espiritismo, a relação do mesmerismo com a terapia e a corrida do ouro na Califórnia. Todas as três coisas, que ganham bastante espaço na obra, são reais. Não sei se exatamente como descritas no livro – acredito que não, pois é uma obra de ficção -, mas realmente ocorreram e tiveram sua importância no século XIX nos EUA (com exceção do mesmerismo, em questão de local e data, no caso).
Outra coisa bem bacana foram as enormes diferenças entre as sociedades britânica e estadunidense na época. Enquanto os britânicos eram, digamos, muito mais tradicionais, mais contidos, os estadunidenses e pessoas que iam morar nos EUA eram mais progressistas, que tinham a intenção exclusiva de ganhar dinheiro/fazer fortuna.
Não vou dizer que “O Circo dos Fantasmas” não vale a pena ser lido. Há coisas interessantes, principalmente para quem curte esse ambiente de Nova York do século XIX e para quem gostou do filme “Gangues de Nova York”. Porém, destaco: é preciso muita paciência para ser envolvido pela história. Eu mesmo só fui começar a ter certo apreço pela narrativa lá para depois da página 200, talvez (mais ou menos quando o circo se muda para a Califórnia).
