Há um tipo de filme que eu gosto bastante que é do gênero “sobrevivência”, estilo “127 Horas” (que eu ainda lerei o livro). “Vidas à Deriva”, uma autobiografia de Tami Oldham Ashcraft com Susan Mcgearhart, é mais ou menos nesse estilo, somado a um bom drama.
A obra conta a história de Tami, a autora, e Richard. O casal estava no Taiti e aceitou um trabalho, nos anos 1980, para levar uma embarcação até San Diego, na Califórnia, nos Estados Unidos. Boa parte da história se passa nesse momento de travessia, que durou mais de 40 dias por causa de imprevistos.
O livro aposta em abordar o instinto de sobrevivência, a vontade de viver – por mais que, em alguns momentos, a protagonista possa ter pensado diferente. Eu tive um pouco de dificuldades de me envolver com a história, achando em alguns momentos cansativa, mas não posso negar que é uma bela trama e uma história inspiradora.
Acho que a obra pode impactar ainda mais quem conhece os termos marítimos. Em muitos momentos eu fiquei bem perdido (por mais que tivesse um glossário no fim do livro), mas não eram coisas realmente importantes. Acredito que o ponto alto da obra é conseguir retratar bem os sentimentos que Tami teve naqueles momentos difíceis, à deriva, no mar.
Porém, admito, que as últimas 30 páginas do livro, mais ou menos, foram as que eu mais gostei. Foi ainda mais angustiante, para mim, ler o relato naquele momento. Não consigo nem imaginar a força que foi necessária para escrever, provavelmente, o episódio mais trágico de sua vida em um livro, mesmo que anos depois. Com certeza não foi uma tarefa fácil.
“Vidas à Deriva” é um livro para quem gosta do mar, da aventura, da sobrevivência e do drama. Também é uma história de amor, claro, como é demonstrado na capa e na sinopse. No entanto, é ainda mais uma história de como o nosso instinto de sobrevivência nos ajuda a ficar vivos mesmo nos momentos mais complicados e de desespero.