Depois de anos e anos consumindo animações como Os Simpsons, Family Guy, American Dad e até mesmo South Park, o público ansiava por algum conteúdo adulto novo no ramo das animações. O que não esperávamos era que a nova sensação abordaria justamente a transição da infância para adolescência.
Big Mouth, criação de Nick Kroll, Andrew Goldberg, Mark Levin e Jennifer Flackett exclusivamente para Netflix. A animação que estreou em 2017 conta até o momento com 3 temporadas e já foi renovada para mais três temporadas.
A série animada conta uma história baseada na vida de Kroll e Goldberg em sua pré-adolescência; obviamente com uma dosagem de humor ácida e afiada como uma faca aborda assuntos polêmicos e bastante sensíveis que acontecem com os jovens nessa fase da vida.
Sabe aquela conversa sincera que você nunca teve com seus pais, a respeito de sexo, puberdade e as mudanças que seu corpo estava sofrendo? Então, Big Mouth te chama para mostrar a verdade nua e crua.
Depois de uma enxurrada de animações adultas que usavam o “adulto” como pretexto para emissão de palavrões, sexo e talvez algumas críticas sociais, a série se destacou por tratar com humor situações constrangedoras que todo mundo já passou. É impossível você não conhecer alguém que tenha sido flagrado no meio de um ato único sexual ou que tenha vestido um short branco e ficado menstruada. Se você não conhece alguém, esse alguém é você.
Nas primeiras temporadas, apesar de sempre manter o debate a temas naturais como masturbação, a série se encaminhava mais em direção ao humor do que a crítica social. A exploração da sexualidade deu inicio na segunda temporada, mas foi só na terceira que ganhou força, tendo direito até a um musical protagonizado por Freddy Mercury, David Bowie e Prince educando sobre “espectro da sexualidade”, indo além dos que já conhecemos (como homossexuais e bissexuais), dando espaço e visibilidade para as minorias que não são tão representadas.
A série consegue educar e conscientizar o público de uma forma leve, mesmo tendo personagens fortes e militantes (como no episódio da Marcha das Vadias que aborda a sexualização e o feminismo), Big Mouth consegue “militar” mostrando de forma clara como certas atitudes podem se tornar tóxicas e extremistas. Em suma, é possível notar que a animação traz o entendimento que o diálogo, a compreensão e a empatia são grandes pilares para o desenvolvimento saudável, tanto individual quanto coletivo.
Também é possível afirmar que a série tem uma tendência a educar seus espectadores. Ao abordar assuntos que não são tão abordados na vida real, como o cuidado da menina com sua vagina e como se conhecer, abre portas para a normatização do assunto (como já é para os homens). Além disso é possível ver a série inclusive abordando temas como gravidez. O que não deixa nada estranho, mesmo sendo com pré-adolescentes de 13 anos. Inclusive acho que o fato dos personagens serem dessa idade gera mais identificação com o público, que sofreram ou sofrem das mesmas dúvidas e angústias.
Big Mouth tem um papel muito importante. Além de entreter com perfeição, a animação consegue ser capaz de se destacar com tabus de forma educativa. A conscientização que a série transmite ao público é gerada tão naturalmente que não torna cansativo, pelo ao contrário, é leve (não no tom, já que é totalmente explícito) e entrega a mensagem com clareza, através de metáforas ou na cara dura.
Se você ainda não viu, assista. E se você já assistiu, recomende. Todos nós podemos aprender um pouquinho mais, não importa a idade. Big Mouth está disponível na Netflix, com 3 temporadas até o momento.
Autor do Post:
Ludmilla Maia
Estudante da U.A, protegida da Annalise Keating, cantora amadora dos New Directions, sobrevivente da ilha de Lost, parça do Bojack, e uma Amazona perdida que ouve KPOP e assiste muito drama asiático.