O livro de Márcio Menezes nos apresenta um grupo de jovens universitários, famosos jovens adultos, na casa dos 20 anos. Os protagonistas contam com uma vida banhada a álcool, drogas e zona sul do Rio de Janeiro.
Mesmo assim, desde o início, mostram não ser alienados. Com acesso ao melhor da educação desde a infância, os jovens são leitores assíduos, apreciadores da arte, principalmente da música, e, portanto, nada alienados.
Preocupados com a política brasileira, que passa por grandes casos de corrupção (como sempre), e diante de uma situação extrema, decidem fundar o Comando Terrorista Anticorrupção, que atenta contra políticos corruptos com o objetivo de “se vingar” e chamar a atenção para a causa.
A história, apesar de se passar nos anos 1990, poderia tranquilamente transcorrer nos dias atuais. Diante da insatisfação com os políticos cariocas, que nunca são punidos pelos seus crimes, os jovens decidiram fazer justiça com as próprias mãos.
Particularmente, apesar de compreender a insatisfação, e compartilhar com a mesma, não criei nenhum tipo de encanto pelos personagens. Soberbos, cheios de si, “extraordinários” frente aos seres humanos “ordinários”, segundo conceito apresentado por Dostoiévski em “Crime e Castigo”, os protagonistas não inspiram qualquer tipo de empatia. O conceito basicamente diz que os seres humanos são divididos em “extraordinários”, que vivem e mudam o mundo, e “ordinários”, que apenas sobrevivem um dia após o outro.
Na obra, destaco duas frases, que achei bem significativas:
“Todo terrorista é sentimental” – o que é uma verdade. Todo o terrorismo apresentado no livro é proveniente da paixão, do sentimentalismo, do ódio, da repugnância.
“Não acredito na eficácia política do terrorismo” – apesar de ser uma oração discutível diante de diferentes perspectivas, também não deixa de ser uma verdade.
“Todo Terrorista é Sentimental” é um livro que vale a pena ser lido. O diferencial do livro, que é uma ficção, é a reflexão que ele nos permite. Nem sempre os protagonistas acharam que estavam certos. Diferentes visões – inclusive do povo comum, os “figurantes” da história – são apresentadas e confrontadas com a crença dos personagens.