A adaptação do livro homônimo de Caroline Kepnes, agora produção original Netflix, entrou no catálogo do serviço de streaming com seus 10 episódios que já haviam sido exibidos no canal Lifetime, produtor responsável pela primeira temporada.
Na trama acompanhamos a história de Joe Goldberg (Pen Bagdley), um vendedor de livros aparentemente muito fofo e com leves tendencias de stalker, nada muito preocupante no mundo de hoje. Pelo menos essa é a primeira impressão que o telespectador tem do personagem. Quando Guenevere Beck (Elizabeth Lail) entra em cena e a obsessão do rapaz começa a ganhar forma, vamos percebendo gradativamente que não há limites que Joe não ultrapasse com a desculpa da proteção de sua nova amada.
Tudo ao redor de Beck a torna mais e mais vulnerável para as investidas do Joe. O péssimo relacionamento com o pai que a tornou muito suscetível a caras que não dão atenção merecida a fazem aceitar qualquer coisa e aí entra Joe, dando muito mais do que ela está acostumada. Suas amigas ricas a fazem sentir-se inferior, o assédio sofrido no trabalho, tudo a sua volta a torna a pessoa perfeita para cair nas garras do stalker que obviamente estuda cada detalhe de sua vida.
Pen Bagdley entrega um papel excepcional cheio de nuances. Queremos odiar o Joe pelo que faz com Beck, mas também queremos que ele seja de verdade apenas uma vítima de um mentor completamente louco. Queremos que o Joe seja sempre o vizinho amigável que cuida tão bem do jovem Paco, queremos que ele seja esse cara para podermos torcer para que ele e Beck fiquem juntos e felizes, a química entre os atores protagonistas ficou tão boa que nos pegamos torcendo para um relacionamento que obviamente está fadado ao fracasso e a tragédia.
Os personagens secundários Ethan, Anikka, Lynn e Blythe aparecem vez ou outra com uma história menor que vai sendo costurada a história principal da série e nos vemos até em certo momento querendo saber mais da vida desses personagens. Ao contrário de Peach Salinger (Shay Mitchell) que bate de frente com o Joe, infelizmente por motivos muito negativos, mas o embate entre os dois personagens chega a ser um ponto alto da série.
Obviamente You não está isenta de defeitos, a série cria uma barriga no meio da temporada e as histórias não são muito desenvolvidas, ficando muito parado em alguns momentos. O que dá a impressão de que certas decisões do roteiro foram precipitadas demais e o meio ficou um pouco perdido (sim, estou falando da história envolvendo a Peach). A direção usa alguns jogos de câmera muito fechados no rosto dos personagens que dá justamente a ideia de claustrofobia, ficamos tão agoniados quanto eles.
O final da temporada é fechadinho, deixando apenas umas pontas soltas a serem explicadas e desenvolvidas em uma próxima temporada já confirmada pelo canal Lifetime e que agora será produzida pela Netflix.
Em um ano fraco para séries, You achou seu lugar e soube ser um excelente destaque.